Diante das seguidas tentativas da extrema-direita de transformar a CPMI do Golpe em picadeiro de circo, a direção do inquérito pretende impor um rigoroso esquema de segurança para garantir o sigilo de informações reservadas a serem recebidas do STF, da Polícia Federal e de outros órgãos. Para o líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (ES), a iniciativa é essencial para garantir a seriedade do processo de investigação.
Os documentos serão guardados em uma sala-cofre, com acesso restrito a parlamentares e servidores por eles indicados, que serão proibidos de portar celular, câmera, pendrive ou qualquer outro dispositivo eletrônico na consulta às informações.
Além disso, os visitantes passarão por detector de metais, serão monitorados por câmeras e poderão apenas fazer anotações em papel, segundo confirmou à Folha de S.Paulo o deputado Arthur Maia (União-BA), presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que apura o terrorismo bolsonarista e a tentativa de golpe do dia 8 de janeiro.
“A possibilidade de armazenar documentos sigilosos em sala apropriada garante ainda mais segurança aos materiais que chegam à CPMI. Muitas vezes, temos acesso a dados sigilosos e essenciais para a investigação. A partir dessas informações vamos entender a gravidade dos fatos e individualizar as responsabilidades”, concordou Contarato.
Para ele, a rigidez no acesso aos dados é importante também para impedir a divulgação ilegal de documentos sigilosos, em especial por parte de alguns dos investigados. “Como há parlamentares formalmente investigados entre os membros da comissão, e estes também terão acesso aos documentos, a sala-cofre reduz o risco de vazamentos, o que é essencial para conduzirmos a investigação de forma séria e responsável”, afirmou o líder do PT.
Durante o recesso informal do Congresso Nacional, integrantes e assessores da CPMI aproveitam para analisar a documentação sobre os atos golpistas enviadas por vários órgãos. Os trabalhos serão retomados em agosto.