A TV Senado exibe nesta semana o documentário Raça – Um Filme sobre Igualdade, dirigido por Joel Zito Araújo e Megan Mylan, que tem entre os protagonistas o senador Paulo Paim (PT-RS). Lançada em 2013, a obra foi exibida no último sábado e será reprisada à 0h desta terça-feira (11/7) e às 21h do próximo domingo (16/7).
Para retratar a identidade racial no país, o documentário de 106 minutos de duração acompanha as rotinas de dois negros e uma negra que se destacaram pelo trabalho em defesa da igualdade: além de Paulo Paim, são retratados Miúda dos Santos e Netinho de Paula.
Único senador negro na época em que o documentário foi produzido (entre 2005 e 2011), Paulo Paim foi o autor e articulador do Estatuto da Igualdade Racial, apresentado em 2003 e transformado na Lei 12.288 em 2010.
Cantor, empresário e apresentador de TV, Netinho de Paula era vereador em São Paulo pelo PCdoB. Miúda dos Santos, neta de africanos escravizados, é ativista quilombola.
O cineasta Joel Zito e a documentarista norte-americana Megan Mylan se tornaram amigos na década de 1990. Em 2004, surgiu a ideia do longa-metragem Raça. Megan, vencedora do Oscar com o documentário Smile Pinki (2008), e Joel Zito, premiado diretor brasileiro, decidiram acompanhar de perto durante cinco anos as três personalidades-chaves da obra, captando o debate sobre igualdade racial que ganhou espaço da mídia no início nos anos 2000.
Para cada personagem, os cineastas dedicaram cerca de três anos. A preocupação dos diretores foi examinar o tema de forma ampla com protagonistas de diferentes regiões – Brasília, São Paulo e Espírito Santo – envolvidos em projetos que têm em comum a busca da superação da desigualdade racial.
Eles acompanharam os esforços de Paulo Paim pela aprovação do Estatuto da Igualdade Racial. Paim se emociona ao discursar, em um debate tenso: “Eu não quero nada. Só deem oportunidade para um povo que sempre foi excluído. Só quem é negro sabe o quanto que é difícil essa caminhada”, afirma.
“Quisemos mostrar histórias que contemplassem a diversidade de renda e gênero no universo específico da população negra brasileira”, diz Joel Zito. Para Megan, foi um privilégio acompanhar o momento histórico de transformação social no Brasil. “Queremos utilizar o poder de cinema, de uma história bem contada, para discutir como um Brasil moderno pode ser um país que valoriza a diversidade e a inclusão”, explica.
A luta de Miúda dos Santos é pelo direito à posse das terras da Comunidade Quilombola de Linharinho, no Espírito Santo, e pelo respeito às suas tradições ancestrais. Junto aos moradores da região, Miúda briga contra uma grande empresa do ramo da celulose. “Os quilombolas são povos tradicionais que têm sua cultura, sua religião de matriz africana, danças e comidas típicas. Ficamos confinados”, conta Miúda.
O documentário também mostra os bastidores da trajetória de Netinho de Paula durante todo o processo de criação e tentativa de consolidar seu canal TV da Gente. Fundado em 2005, no interior de São Paulo, o canal formado majoritariamente por profissionais negros foi idealizado por Netinho, para quem “a democracia racial no Brasil não existe no campo das comunicações. O país está caminhando para uma mudança, e a TV faz parte dessa mudança”.