O Brasil atravessou, num passado recente, um momento de obscurantismo, talvez por isso a perversidade do racismo se potencializa e se torna cada vez mais cruel. Nesse contexto, o Congresso Nacional instalou uma das frentes parlamentares mais simbólicas da história do parlamento brasileiro: a Frente Parlamentar Mista Antirracismo.
Nosso país traz no seu legado um dos cenários mais abomináveis da história da humanidade: a escravidão. Legado esse que afeta, até hoje, todo o mundo. O cenário de escravidão no Brasil apenas mudou de roupagem.
A todo minuto, nos deparamos com os incontáveis tipos de crimes de racismo, seja por discriminação, preconceito, origem, raça, sexo, cor, idade. Tristeza e revolta são constantes em cada canto deste imenso Brasil.
Diariamente convivemos com as mais diversas formas de violência, seja contra negros, crianças, jovens, idosos, pessoas com deficiência, migrantes, refugiados, indígenas, mulheres, LBGTQIA+ e outras maiorias minorizadas.
Essas violências são reais e cruéis a cada abordagem policial, na falta de acesso à Saúde, à água potável, ao esgoto, à moradia digna, à Educação, ao esporte e lazer; na falta de acesso ao trabalho decente, ao salário digno e a tantos direitos e garantias fundamentais determinados pela nossa Constituição Cidadã de 1988.
O Senado e a Câmara Federal não são insensíveis a essa triste realidade. Criamos a Frente Parlamentar Mista Antirracismo, composta por mais de 150 parlamentares, prontos para atuar ativamente, prontos para continuar nessa batalha. A ideia veio dos encontros com os movimentos negros do Brasil, com a importante presença da ex-ministra Nilma Lino Gomes. Dessa forma, apresentamos um projeto de Resolução que deu início à frente.
Ela tem por finalidades promover debates e iniciativas a respeito de políticas públicas e outras medidas que busquem efetivar a igualdade racial prevista na Constituição, contando com a participação dos mais diversos segmentos da sociedade.
Também acompanhar e defender políticas e ações que envolvam o combate ao racismo e à desigualdade racial, em âmbito nacional e internacional. Sou coordenador da Frente no Senado e a senadora Zenaide Maia (PSD-RN), vice-coordenadora. Na Câmara, a deputada Dandara Tonantzin (PT-MG) é a coordenadora e tem como vice, a deputada Carol Dartora (PT-PR).
Temos imensos desafios. A frente poderá juntar esforços no Congresso Nacional e na sociedade civil. O caminho é longo, mas sabemos da nossa responsabilidade e do nosso compromisso diário. Peço a sua ajuda: não seja indiferente, denuncie o racismo. De mãos dadas, podemos avançar. Ângela Davis nos mostra o caminho: “Não basta não ser racista e sim antirracista”.
Artigo originalmente publicado no jornal O Dia