ARTIGO

Paulo Paim: Sobre o 1º de Maio

Para o senador, "a saída para a atual crise está numa concertação nacional que garanta os direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras"
Paulo Paim: Sobre o 1º de Maio

Foto: Alessandro Dantas

Neste 1º de maio – Dia do Trabalhador e da Trabalhadora –, caminhemos juntos rumo à unidade das forças progressistas, populares e humanitárias. Os problemas do Brasil só serão resolvidos a partir desse entendimento.

Sentimos as dores de uma reforma trabalhista que fragilizou a situação de milhões de pessoas, desconstruindo avanços sociais, que foram alcançados a duras penas. Ela não gerou um emprego sequer, conforme argumentavam.

O país possui hoje cerca de 12 milhões de desempregados e 35 milhões no trabalho informal; são 4 milhões de desalentados que perderam a esperança de conseguir uma colocação.

Os pobres ficaram mais pobres e a concentração de renda aumentou. Mais da metade da população brasileira vive na miséria e na pobreza. A insegurança alimentar atinge mais de 100 milhões. Outros 20 milhões passam fome todos os dias.

Na pandemia da Covid-19, várias empresas estrangeiras deixaram o país, com o argumento dos riscos da economia brasileira. Somente em 2020, mais de 5 mil empresas nacionais fecharam as portas. Foi um enorme baque, que sentimos até hoje.

Neste período da crise sanitária, propomos alguns encaminhamentos, como a ampliação do seguro- desemprego e emendas a projetos para garantir a sobrevivência das micro e pequenas empresas, que geram 60% dos empregos e representam 25% do PIB nacional.

Enfrentamos ainda um elevado número de acidentes de trabalho. O último Anuário Estatístico do INSS, de 2020, registrou mais de 500 mil acidentes de trabalho. Contra esses números lamentáveis, a prevenção é o melhor caminho.

A inflação tem corroído o salário do trabalhador e da trabalhadora. Há enorme perda de renda. O aumento do custo de vida não está perdoando ninguém. A crise atinge a todos, de ponta a ponta, do campo à cidade.

Quando a balança pende para um lado, por óbvio, tudo se fragiliza. A sociedade absorve a desarmonia em variáveis complexas do seu próprio funcionamento. Os que têm menos continuam a ter menos e os que têm mais continuam a ter mais ainda.

A saída para a atual crise está numa concertação nacional, de forma justa e igualitária, harmônica na sua totalidade, que garanta os direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras, bem como condições mínimas para o setor produtivo se desenvolver.

Em 2022 teremos eleições – a mais importante das nossas vidas. As mudanças estão em nossas mãos. Deixemos as disputas internas e as vaidades para trás. O que vale é a certeza do horizonte que temos pela frente para mudar o país.

Alguns pontos precisam pautar as nossas discussões: retorno da Política Nacional de Valorização do Salário Mínimo; repensar a reforma trabalhista. Destaco que o projeto do novo Estatuto do Trabalho está tramitando no Congresso.

Novas profissões estão surgindo. Os motoboys não têm direitos assegurados e seus salários são baixíssimos. A “uberização” é avassaladora. O que fazer com essa perspectiva do mundo do trabalho? O chamado “home office” é uma realidade. Qual a nossa visão sobre ele? Temos que regulamentá-lo? Enfim, os desafios são enormes.

O Brasil tem sérios problemas de infraestrutura, uma das bases para o crescimento e o desenvolvimento. Investimos muito pouco e mal. O nosso parque industrial, segundo especialistas, está sucateado. É urgente uma reforma tributária solidária e progressiva.

Quem age conforme a voz do coração não perde a essência e nem o jeito de navegar, não tem medo de atravessar o rio. Vamos deixar que os fluídos espirituais da esperança sejam os nossos guias, fazendo a boa luta com a indignação das nossas consciências.

Artigo originalmente publicado no Brasil Popular

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