Ernesto Sabato dizia que se acordava com a franca esperança de que uma vida mais humana está ao alcance das nossas mãos. Todos nós podemos ousar e buscar a vida de outra maneira, nos situando na verdadeira dimensão do homem.
Se perdermos a força do diálogo e da compreensão existencial, não haverá a ligação constante entre o amor e todas as possibilidades do exercício completo dos direitos humanos.
Direitos humanos estão conectados ao combate às injustiças e às discriminações; ao respeito às diferenças e às diversidades; aos direitos civis, políticos, sociais, econômicos; à igualdade de direitos entre todos.
Eles se estabelecem na certeza de que sem meio ambiente saudável a vida humana corre perigo. O homem em si tem o entendimento de que a natureza é algo separado do todo. Equívoco. A grandeza está no equilíbrio entre as partes.
Direitos humanos é o viver por inteiro em condições salutares: saúde, educação, trabalho, renda, moradia, segurança, aposentadoria justa, salário mínimo decente, terra para plantar e repartir o pão. É o direito de ser feliz em igualdade.
Somos o país mais desigual do mundo. Temos 15 milhões de desempregados; 60 milhões na pobreza; 19 milhões passam fome todos os dias, gente que não possui sequer água potável para beber.
Idosos pedem socorro; miseráveis sentem a dor do frio; mães choram, pois não têm alimento para dar aos seus filhos; choram porque seus filhos são mortos por balas perdidas; choram porque seus companheiros foram mortos por serem negros.
O trabalho escravo é uma realidade. Refugiados e migrantes são discriminados. Garimpeiros matam indígenas. Crianças indígenas morrem por desnutrição. O Estado se omite. Isso é inaceitável.
O país não suporta mais medidas instantâneas, desequilibradas, sem metodologia social e humana, com uma estrutura teórica apontando para o norte e uma realidade apontando para o sul. Temos que conectar o Brasil invisível ao mundo real.
Direitos humanos são as portas de entrada das transformações que tanto precisamos. Temos que crescer humanamente e coletivamente, buscar a dignidade, a solidariedade, a fraternidade, a justiça social.
Tudo está guardado na memória, como canta Leon Gieco: “O engano e a cumplicidade dos genocidas que estão soltos. A justiça que olha e não vê. Todas as promessas que se vão. Tudo está guardado na memória. A memória desperta os povos… Livre como o vento”.
Artigo originalmente publicado no jornal Zero Hora