A semana se inicia com a médica Mayra Pinheiro, mais conhecida como “capitã cloroquina”, seguindo os passos do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para tentar fugir das perguntas dos senadores da CPI da Covid, que investigam a responsabilidade do governo federal no descontrole da pandemia no Brasil. Ela apresentou pedido de habeas corpus ao Supremo Tribunal Federal para permanecer em silêncio durante seu depoimento, previsto para quinta-feira (20). Pazuello, que tem depoimento agendado para quarta-feira (19), obteve o habeas corpus na última sexta-feira.
“O que esse povo tanto teme pedindo para ficar em silêncio na CPI da Covid? Mais uma integrante do governo Bolsonaro recorre ao STF”, criticou o senador Paulo Rocha (PA), líder do PT.
A médica Mayra Pinheiro é considerada uma das responsáveis pela propagação da ideia do tratamento precoce contra a Covid-19. No começo de maio ela confirmou ao Ministério Público Federal (MPF) que foi responsável pela organização de uma comitiva de médicos ao Amazonas para difundir o uso da cloroquina como tratamento contra a doença.
“Mais um exemplo dessas pessoas que falam muito para incentivar o vírus, e que se calam diante da obrigação de dizer a verdade na hora de explicar suas atitudes ao país. Como podemos interpretar essa ação da Capitã Cloroquina?”, questionou o senador Rogério Carvalho (PT-SE).
Pazuello tenta proteger Bolsonaro
Na avaliação do senador Humberto Costa (PT-PE), a tentativa de Eduardo Pazuello em permanecer em silêncio é uma tentativa de não expor ainda mais os crimes cometidos por Bolsonaro na condução da pandemia que resulta em mais de 400 mil brasileiros mortos.
“É uma clara tentativa de proteger o governo e o próprio presidente. O Brasil sabe que todas as ações que foram realizadas por Pazuello foram no cumprimento das orientações do presidente e tudo que realizou tem que ser diretamente creditado ao presidente da República”, disse o senador. “Pazuello admitiu, ao falar que ‘um manda e o outro obedece’, que quem mandava na política do Ministério da Saúde era Bolsonaro. Então, o governo tem medo de Pazuello entregar o presidente na CPI”, completou.
Governadores tentam corrigir tragédia que é política internacional
O embaixador da China, Yang Wanming, confirmou reunião com o Fórum de Governadores para esta quinta-feira, a fim de tratar do cronograma de entrega de insumos para produção de vacinas para o Butantan e para a Fiocruz. Os governadores também querem tratar de pedido feito anteriormente de 30 milhões de vacinas da chinesa Sinopharm. A produção de doses da Coronavac pelo Butantan foi interrompida na última sexta-feira devido à falta de insumos, após crise diplomática causada por Bolsonaro que resolveu atacar o maior parceiro comercial do Brasil, na semana anterior.
O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo prestará depoimento à CPI da Pandemia nesta terça-feira (18), às 9h. Os senadores vão questioná-lo sobre falhas na aquisição de vacinas pelo governo federal e na aposta em medicamentos sem comprovação científica, como a cloroquina.
Araújo também deve responder perguntas sobre os ataques do governo Bolsonaro à China e o impacto desse comportamento na dificuldade que o país vem enfrentando na obtenção de insumos para produção de vacinas.
“A política anti-China de Bolsonaro e do seu chanceler Ernesto Araújo prejudicou o Brasil com a aquisição de vacinas e insumos do país asiático. O ex-chefe do Itamaraty do governo terá de explicar por que agiu assim na CPI da Covid”, resumiu o senador Humberto Costa.