A greve de fome iniciada por pequenos agricultores rurais chegou, nesta segunda-feira (11), a uma semana de duração e contou com a adesão de outros trabalhadores e trabalhadoras na luta contra a votação e aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC 287/2016) – reforma da Previdência.
“Nós decidimos passar fome por alguns dias para que os demais brasileiros não passem fome pelo resto da vida. Fazemos um apelo aos deputados para que não votem a reforma da Previdência, porque ela é maldosa com os brasileiros”, disse o frei Sérgio Görgen, um dos líderes do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA).
Os grevistas contestam a informação do governo federal de que os trabalhadores rurais não seriam atingidos pelas alterações nas regras de acesso à aposentadoria após alterações no projeto original.
De acordo com o frei Sérgio, uma emenda ao texto que pode ser votado pelo plenário da Câmara ainda neste ano prevê a ampliação das exigências aos trabalhadores rurais prejudicando o acesso à aposentadoria.
[blockquote align=”none” author=””]“Essa reforma é um atentado a vida de milhares de famílias do campo e da cidade. Se as regras da reforma forem mantidas, mais da metade das famílias camponesas não conseguirão se aposentar. E muitos idosos hoje dependem de suas aposentadorias para sustentar suas famílias. Caso essa aposentadoria deixe de existir, essas famílias passarão por muitas dificuldades”, explicou a camponesa Leila Denise Meurer.[/blockquote]
Pela lei atual, os trabalhadores do campo estão inseridos na categoria “segurados especiais” da Previdência Social. Nesta categoria, a contribuição à Previdência Social é feita a partir da comercialização do que é produzido pelo trabalhador.
Agora o governo abre uma brecha para que seja estabelecida uma taxa fixa de contribuição, o que deve impossibilitar a aposentadoria de praticamente todos os trabalhadores do campo.
O novo texto da reforma da Previdência estabelece que os agricultores familiares somente poderão se aposentar mediante a comprovação de 15 anos de contribuição mensal.
“O sentimento é de revolta, não de sofrimento [pela greve de fome]. Quem governa este País está contra o povo. É a favor apenas que o povo morra de fome, sendo escravizado. A reforma da Previdência representa um verdadeiro massacre. Estamos aqui doando a nossa vida pelo povo. Essa é a postura que deveria ter quem governo o País”, disse a camponesa Josi Costa.
O grupo iniciou a greve de fome na Câmara dos Deputados, mas passou o final de semana na sede da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), em Brasília, e voltou a ocupar o Salão Verde, da Câmara nesta tarde.
“Convocamos todas as organizações do campo e da cidade para resistirem à reforma. É hora de tomarmos medidas de sacrifício, mas que serão necessárias para garantir os nossos direitos e em especial para nossas gerações futuras”, disse Maria Kazé, da coordenação nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
Além de Josi, Leila e frei Sérgio do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e Fábio Tinga do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras por Direitos (MTD), que iniciaram o movimento grevista na última semana, somam-se à greve Simoneide de Jesus (MPA), Rosangela Piovizani e Rosa Jobi (ambas do Movimento de Mulheres Camponesas – MMC).