A ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres no governo Dilma, Eleonora Menicucci, foi condenada a pagar R$ 10 mil reais de indenização ao ator pornô Alexandre Frota. Em 2015, frota revelou espontaneamente, em programa de entrevistas na TV aberta, que havia feito sexo a força com uma mulher a quem identificou como “uma mãe de santo”. Menicucci condenou as declarações e criticou o ministro da Educação por receber o ator em seu gabinete.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) prestou solidariedade a Menicucci, em plenário, nesta quinta-feira (4), apontando a incongruência de que alguém confesse um crime em um programa de TV e que a punição recaia sobre quem se expressou contra esse fato. A ex-ministra, ressaltou ele, “é uma grande brasileira e grande mulher”.
As deputadas Maria do Rosário (PT-RS) e Benedita da Silva (PT-RJ) e a ex-senadora Emília Fernandes (PCdoB) — que também ocupou a pasta das Políticas para as Mulheres—gravaram uma mensagem de apoio em vídeo divulgado nas redes sociais.
“É uma covardia o que está acontecendo com Eleonora”, reagiu Maria do Rosário, lembrando que em sua militância, vida acadêmica e na administração pública, a ex-ministra sempre enfrentou a cultura do estupro e protegeu as mulheres. “Ela não pode ser penalizada por denunciar os que praticam a violência”, afirmou a deputada.
Para Benedita da Silva, o fato fica ainda mais inaceitável quando se sabe que a condenação de Menicucci foi decidida por uma juíza. “O estupro é crime inafiançável e apologia ao estupro também é crime. A sentença da juíza é um prêmio para os que fazem apologia à violência de gênero. Não podemos naturalizar essa situação”.
Veja o vídeo, divulgado no site Brasil 247
Ao tomar conhecimento da sentença, Eleonora Menicucci divulgou uma nota sobre o caso. Veja a íntegra:
“Hoje recebi a sentença proferida pela juíza Juliana Nobre Correia referente ao processo que trata de indenização moral, aberto contra mim por Alexandre Frota, por ter me manifestado contra a fala dele no programa de TV, fato este de conhecimento da sociedade brasileira, caracterizada por mim como apologia ao estupro.
Tal sentença, assinada por uma mulher, me condenando a pagar R$10 mil com correção, revolta a todas as mulheres, pois o estupro é crime hediondo e inafiançável.
Lamentavelmente a condenação não atinge só a mim, mas as mulheres que lutam há séculos contra o estupro, contra as violências de gênero e hoje, em nosso País contra as perdas de direitos que o governo golpista tem imposto, sobretudo a nós mulheres. Não será esta sentença, proferida por esta juíza que me calará, nem tampouco as mulheres brasileiras.
Tolerância zero com a violência contra as mulheres!!!
Tolerância zero com o estupro!!!”