Não é de hoje que os senadores têm alertado para o prejuízo para a população em decorrência da Política de Paridade de Importação (PPI) adotada pela Petrobras para determinar os preços dos combustíveis no Brasil. Enquanto a população paga um preço elevado para comprar gasolina, diesel, gás de cozinha e gás natural veicular (GNV), os acionistas da Petrobras se beneficiam com pagamentos bilionários de dividendos.
No ano passado, o Senado chegou a aprovar proposta apresentada pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE) e relatada pelo então senador Jean Paul Prates (PT-RN) – atual presidente da Petrobras – que criava a conta de estabilização do preço do petróleo (CEP-Combustíveis) e barrava a dolarização adotada após o golpe de 2016. A iniciativa chegou a ser encaminhada para a Câmara dos Deputados, mas com o fim da legislatura em janeiro deste ano, o projeto terminou arquivado.
Agora, Jean Paul Prates volta a discutir o tema da formulação de preços dos combustíveis. Em entrevista concedida nessa quinta-feira (2), ele afirmou que a nova política de preços seguirá atrelada às cotações internacionais, mas sem considerar necessariamente os custos para importação dos produtos.
A atual formula, segundo o ex-senador, obriga a Petrobras a fazer o preço de seus concorrentes, estratégia adotada por gestões anteriores para beneficiar importadores e abrir o mercado.
“Não existe bala de prata, não existe um único preço de referência para o Brasil todo. O PPI virou um dogma. Tudo é PPI. O mercado brasileiro é diferente, é diverso”, apontou.
A previsão é que a nova política de preços da companhia comece a ser debatida quando o conselho e a diretoria forem renovados, o que deve ocorrer até maio.
“A Petrobras vai praticar preços competitivos do mercado nacional, do mercado dela, conforme ela achar que tem que ser para garantir sua fatia de mercado”, explicou Jean Paul.
Em 2022, na gestão anterior, a Petrobras praticou preços recordes de combustíveis. Assim, a empresa teve o maior lucro da história das companhias abertas brasileiras e anunciou a distribuição de até R$ 216 bilhões em dividendos. Isso só mostrou como a política de preços adotada é prejudicial para a população que paga caro para comprar combustíveis, e bastante benevolente apenas com os acionistas.
O presidente Lula também falou sobre a necessária mudança de foco da Petrobras durante o seu governo. Para ele, a companhia deve deixar de distribuir recursos astronômicos para seus sócios e voltar focar em investimentos que garantam a soberania energética do país
“A Petrobras é uma indústria de energia e tem que fazer investimento para que possa, cada vez mais, descobrir novas coisas. Ela precisa investir em etanol e biodiesel de segunda geração, em hidrogênio verde. A Petrobras é um patrimônio deste país e não apenas dos acionistas”, criticou Lula.