Agência Brasil

Policiais federais durante operação
A Polícia Federal (PF) deflagrou, entre segunda (17/11) e terça-feira (18/11), 14 operações que resultaram em prisões e na desarticulação de esquemas de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. Algumas das ações foram levadas a cabo pelas Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado (Ficco), iniciativa para enfrentar, articulada e eficientemente, as facções criminosas no país.
A atuação independente da PF é fruto de decisão política do presidente Lula, que segue comprometido com o controle da violência e não pretende tratar a questão da segurança pública de maneira leviana e eleitoreira. No terceiro mandato, assim como nos dois primeiros (2003-2010), o petista determinou que a corporação detivesse autonomia. O mesmo fez a ex-presidenta Dilma Rousseff (2011-2016).
As operações da PF estão de acordo com as recentes decisões adotadas pelo governo para enfrentar o crime organizado, a exemplo da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, remetida ao Congresso Nacional. Ela prevê integração federal, estadual e municipal; financiamento estável; e padronização de coleta de dados. O propósito é garantir mais precisão e inteligência às políticas de Estado.
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À PEC da Segurança Pública, soma-se o chamado Projeto de Lei (PL) Antifacção, no momento, sob a apreciação do parlamento. A medida amplia sanções e define a figura da organização criminosa na legislação.
Além disso, Lula sancionou a lei que estipula penas de até 12 anos para conspiração e obstrução de ações contra organizações criminosas e amplia prerrogativas de proteção a agentes públicos envolvidos no enfrentamento.
Confira abaixo as mais recentes ações da PF contra o crime organizado em todo o Brasil:
São Paulo
Na manhã de segunda, na esteira da Operação Teia, a PF detectou 405 kg de substância com características de cocaína durante a inspeção de um contêiner no Porto de Santos. A mercadoria seria embarcada rumo a Hamburgo, na Alemanha, por um grupo criminoso monitorado pelas autoridades policiais.
Após a identificação do material suspeito, a PF procedeu à perícia de local de crime, efetuou a apreensão da carga e iniciou diligências para identificar os responsáveis e esclarecer as circunstâncias da preparação e do envio da droga.
Na manhã seguinte, outra operação de combate ao crime organizado e ao tráfico internacional de drogas ocorreu no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Foram cumpridos 26 mandados judiciais, entre prisões temporárias, prisões preventivas e buscas e apreensões.
Parte dos investigados é apontada pela PF como líderes dessa atividade ilícita na região de Guarulhos. Dois suspeitos foragidos tiveram seus dados incluídos em difusão internacional de captura. As investigações indicam que o grupo pode ter sido responsável pelo envio de dezenas de indivíduos aliciados para transportar cápsulas com droga para o exterior.
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Em 2025, no Aeroporto de Garulhos, a PF já prendeu 176 pessoas por transporte de droga no estômago, número que supera o total contabilizado em anos anteriores. Essa prática representa risco elevado à vida dos envolvidos devido à possibilidade de rompimento das cápsulas, além de demandar a utilização de leitos hospitalares para o procedimento de expulsão da substância, feito sob a custódia da Polícia Penal de São Paulo.
A Operação Caronte, por sua vez, foi montada para desbaratar uma rede de operadores financeiros envolvidos em atividades ilegais de compra e venda de moeda estrangeira no mercado paralelo. Estão sendo cumpridos quatro mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal em São Paulo.
As investigações tiveram início após a prisão em flagrante de um indivíduo na aduana brasileira, em Chuí (RS), quando tentava deixar o país transportando numerário sem a devida declaração. A partir daí, a PF identificou outros integrantes da rede criminosa, responsáveis por movimentações financeiras incompatíveis com suas capacidades econômicas declaradas, sugerindo atuação estruturada em operações cambiais ilegais.
Nesta terça, a PF também cumpriu ordens judiciais expedidas pela 7ª Vara Federal de São Paulo: oito mandados de busca e apreensão nas cidades de Manicoré (AM), Humaitá (AM), Cruz (CE) e São José do Rio Preto (SP). A operação visa apurar a atuação de uma organização criminosa especializada em lavagem de dinheiro.
As movimentações financeiras estariam a cargo de um operador responsável por administrar contas utilizadas na ocultação de valores ilícitos, que chegam a R$ 45 milhões. A ação contou com a participação de 30 policiais federais.
A investigação aponta que o grupo criminoso movimentava contas de empresas registradas em nome de terceiros para ocultar capitais provenientes de tráfico de drogas, contrabando, descaminho e extração ilegal de ouro. Os suspeitos poderão responder pelos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Já em Itapetininga, a PF agiu para reprimir a prática de contrabando relacionada à comercialização de cigarros eletrônicos. Durante as diligências, uma pessoa foi presa em flagrante em razão da posse e comercialização de produtos de ingresso proibido no território nacional.
O material apreendido será submetido à perícia. O preso foi conduzido à autoridade policial para as medidas cabíveis. As investigações prosseguem no intuito de identificar outros possíveis envolvidos.
Paraná
A PF deflagrou a Operação Resgate Ilícito, nesta terça, com a meta de desarticular uma organização criminosa envolvida no transporte e na comercialização de produtos eletrônicos introduzidos irregularmente no país, além da prática dos crimes de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
Foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão, bem como medidas de sequestro de bens, nas cidades de Cascavel e Foz do Iguaçu.
As investigações se iniciaram após prisões efetuadas entre 2024 e 2025, quando a PF apreendeu cargas ilícitas avaliadas em cerca de R$ 20 milhões. Eram smartphones desacompanhados de documentação fiscal e cigarros eletrônicos.
A estrutura criminosa utilizava empresas de fachada e veículos registrados em nome de terceiros para conferir aparência de legalidade às operações ilícitas.
A apuração aponta ainda indícios do envolvimento de policiais, que, em maio de 2025, participaram de uma suposta ação de resgate de carga roubada, sob a alegação de busca por um caminhão subtraído. As evidências expõem que a ação visava proteger interesses do grupo criminoso e facilitar a recuperação de bens ilícitos.
Já a Operação Piperita investiga tráfico internacional de drogas e outros crimes relacionados. A partir da identificação de um grande carregamento de maconha pela Delegacia da PF em Guaíra, diligências e ações de inteligência permitiram avançar na identificação de pessoas ligadas ao esquema.
Foram cumpridos dois mandados de prisão temporária expedidos pela Justiça Federal. A PF deteve um casal de Palotina: ambos seriam os responsáveis pelo imóvel onde toneladas de drogas eram armazenadas.
Também nesta terça, a PF deflagrou a Operação Escolta, direcionada ao cumprimento de medidas cautelares contra integrantes de uma organização criminosa transnacional especializada no descaminho de aparelhos celulares de alto valor provenientes do Paraguai, bem como em lavagem de dinheiro e, secundariamente, no tráfico internacional de armas de fogo e munições.
Estão sendo cumpridos cinco mandados de prisão preventiva, 35 mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, como monitoramento por tornozeleira eletrônica e sequestro e bloqueio de bens. Os valores totalizam, aproximadamente, R$ 57 milhões.
As diligências ocorrem em 12 municípios de quatro estados da Federação, simultaneamente, com a atuação coordenada de diversas equipes da PF e o apoio da Receita Federal em dois estabelecimentos comerciais.
Investigações conduzidas entre 2024 e 2025 constataram que os produtos ingressavam irregularmente no território nacional pela Ponte Internacional da Amizade, em Foz do Iguaçu, por meio de motos, veículos com fundos falsos e rotas fluviais clandestinas no rio Paraná.
Após a entrada no país, os eletrônicos eram armazenados em um hotel de Foz do Iguaçu, transferidos para residências situadas em condomínios fechados e, posteriormente, remetidos a Curitiba, ao norte do Paraná e a outros centros consumidores nacionais, em caminhões equipados com compartimentos ocultos.
Ao longo das investigações, foram registradas 16 ocorrências com apreensão de eletrônicos, cujo valor estimado ultrapassa R$ 13 milhões. Há indícios de que, em menos de um ano, uma única investigada internalizou ilegalmente o equivalente a mais de R$ 50 milhões em aparelhos celulares.
Bahia
Com apoio da Delegacia Territorial de Ipiaú e do Comando de Policiamento Regional Médio Rio de Contas, a Ficco da Bahia deflagrou, nesta terça, a Operação Alta Potência 2. O objetivo é desarticular uma facção violenta responsável por tráfico de drogas, homicídios e lavagem de dinheiro.
As investigações identificaram que o grupo atuava principalmente nos municípios de Ipiaú, Jequié e Itagibá, mantendo conexões interestaduais. A operação cumpre 79 ordens judiciais, sendo 38 mandados de busca e apreensão e 31 mandados de prisão preventiva, além do sequestro de oito imóveis e bloqueio de ativos financeiros de 21 investigados em mais de 90 contas bancárias.
As ações ocorrem, simultaneamente, nos seguintes estados: Bahia, São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina. A mobilização abrange mais de 250 policiais.
O avanço das apurações se deve à prisão do líder da organização criminosa, ocorrida em junho de 2025, na cidade de Barra Velha, durante operação anterior. Na ocasião, foram coletados elementos que permitiram identificar os eixos financeiro, logístico e operacional da organização.
O núcleo financeiro movimentou cerca de R$ 52 milhões, em pouco mais de três anos, utilizando-se de contas bancárias e aquisição de imóveis para lavar recursos ilícitos. A liderança e seus familiares mantinham residências em diferentes estados, enquanto controlavam o tráfico na Bahia, longe da violência que fomentavam.
As ações da atual fase da operação se desenrolam em Ipiaú, Itagibá, Gandu, Ubatã, Jequié, Ilhéus, Porto Seguro, Salvador, Ibirataia e Serrinha.
Santa Catarina
Na noite de segunda, um casal foi preso por tráfico de drogas em operação da Ficco de Santa Catarina. Com eles, havia cerca de 495 kg de maconha. A detenção ocorreu durante uma abordagem no km 220 da BR-282, próximo ao município de Lages. O motorista desobedeceu a ordem de parada dos policiais e tentou fugir, mas acabou interceptado. O veículo suspeito desfilava com placa clonada.
Ceará
No Terminal de Carga Internacional do Aeroporto de Fortaleza, a PF deparou-se com substância entorpecente diluída em 180 garrafas de vinho branco que tinham como destino Cabo Verde, África. A apreensão ocorreu durante trabalho de rotina, com o apoio de cães detectores de drogas. O material está em posse da perícia e as investigações continuam para identificar os responsáveis pelo envio da carga ilícita.
Alagoas
Ainda no Nordeste, a PF deflagrou a Operação Desfomento, que investiga possíveis crimes de estelionato majorado contra a União, lavagem de dinheiro e associação criminosa envolvendo duas organizações sociais alagoanas e uma empresa de Recife.
Nas investigações, restou comprovado que os suspeitos inseriram, em um sistema do governo federal, dados falsos relativos a dois termos de fomento firmados com os ministérios da Cultura e do Desenvolvimento Social. Assim, conseguiram desviar R$ 300 mil do dinheiro público.
Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão em Recife, Gravatá e Jaboatão dos Guararapes, além do sequestro de aproximadamente R$ 400 mil.
Espírito Santo
Na manhã de terça, a PF deflagrou a Operação Mustang, inserida na iniciativa da Interpol de combate a crimes de tráfico de pessoas e contrabando de migrantes. Foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão no Espírito Santo, em Minas Gerais, em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Goiás e em Santa Catarina.
Outros três mandados fora do Brasil resultam da cooperação da PF com o Departamento de Investigações de Segurança Interna (HSI) da Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (EUA).
Ficou constatado que a organização atuou para que 154 viajantes brasileiros entrassem e permanecessem ilegalmente nos EUA, valendo-se de intermediários conhecidos como “coiotes”, além de operadores financeiros irregulares.
Os investigados, que estão proibidos de deixar o país em virtude de decisão da Justiça, tiveram os passaportes apreendidos e responderão pelos crimes de promoção de migração ilegal e organização criminosa.
Rondônia
Em Rondônia, a PF deflagrou a Operação Red Cross para desarticular grupo criminoso envolvido na logística de transporte de drogas e lavagem de dinheiro. Ao todo, foram expedidos seis mandados de busca e apreensão e um de prisão pela 1ª Vara de Garantias da Comarca de Porto Velho.
As investigações começaram em julho de 2024, após a prisão em flagrante de duas pessoas que transportavam 68 kg de entorpecentes em um veículo nas proximidades de Nova Mamoré. Os investigados poderão responder pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro.



