PIB acumula alta de 0,2% no ano e de 0,7% em doze meses

No terceiro trimestre deste ano, variação foi positiva em 0,1%; indústria e comércio tiveram desempenho melhor que setor agropecuárioA riqueza do Brasil acumulada no terceiro trimestre deste ano somou o valor de R$ 1,289 trilhão, acumulando alta de 0,2% no ano e de 0,7% na comparação em doze meses. Esse resultado do Produto Interno Bruto (PIB) veio do desempenho dos setores de agropecuária e dos serviços, que cresceram 0,9%, respectivamente, embora a indústria tenha registrado contração de 1,4%. Pelos números divulgados na manhã desta sexta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a leitura pode ser positiva e, ao mesmo tempo, dependo do humor dos analistas econômicos e da oposição, negativa.

É evidente que esses números serão minimamente interpretados para mostrar que a economia vai de mal a pior e tudo “isso que está aí” é culpa do PT e da presidenta Dilma. Mas quem seguir por este caminho, na verdade, pode errar – e feio.

Comparando o último trimestre deste ano com o período imediatamente anterior, ou seja, os meses de abril, maio e junho comparados com os meses de julho, agosto e setembro, realmente o desempenho do PIB não foi dos melhores, mas o crescimento de 0,10% é revelador se for posto na balança os efeitos de uma recessão externa que não chegou por aqui.

A oposição e alguns analistas repetiram à exaustão que o Brasil estava em recessão, mas isso acontece quando o PIB não cresce; quando não há abertura de novos empregos e as relações comerciais ficam, literalmente, travadas. Ninguém compra, nenhuma empresa se endivida, há demissões, os bancos não emprestam dinheiro, o consumo das famílias cai e por aí adiante. Portanto, o que existiu no final de junho, findo o segundo trimestre, também não era uma recessão técnica, embora os jornais batiam nessa tecla diariamente e alimentavam a oposição –  e o chamado mercado – de que isso era um fato.

Com crescimento de 1,7% no terceiro trimestre, a indústria e todos os subsetores apresentaram variação positiva, o que é um ótimo sinal para os próximos meses, principalmente porque a área extrativa mineral subiu 2,2%; em seguida o setor da construção civil cresceu 1,3%; a indústria de transformação 0,7% e a de eletricidade e gás, 0,1%. O crescimento dos serviços, de 0,5%, teve influência do setor de transporte, armazenagem e correio que subiu 1,4% e o setor com atividades relacionadas de intermediação financeira e de seguros cresceu 0,6%.

De acordo com o IBGE, no terceiro trimestre o consumo das famílias teve uma retração de -0,3% em relação ao segundo trimestre, enquanto que a formação bruta de capital fixo (FBCF) e a despesa de consumo da administração pública tiveram expansão de 1,3%. Quanto ao setor externo, as exportações e as importações de bens e serviços cresceram 1% e 2,4%, respectivamente. Esses dados, se projetados para os próximos meses, indicam que o PIB do ano e seu desempenho para 2015 podem ser bem melhores. Vale apostar.

PIB DE OUTROS PAÍSES

O crescimento do PIB brasileiro de 0,1%, pelo tamanho do País por sua extensão geográfica e pelo número de habitantes, deve ser considerado relevante porque nesse terceiro trimestre a economia foi afetada tanto pelos efeitos da crise externa quanto pela paralisação de alguns negócios em decorrência do período eleitoral. O Brasil é considerado relevante pela gama de oportunidades de investimentos e principalmente pelo volume de obras de infraestrutura contidas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Sem esse rol de investimentos em infraestrutura para fazer e sem um mercado consumidor com a capacidade existente no País, que incluiu nos governos de Lula e Dilma mais de 40 milhões de pessoas na sociedade de consumo, a Alemanha teve um crescimento igual ao brasileiro, de 0,1%. Lá a economia é considerada madura, uma situação é muito diferente da brasileira, porque a recolocação no mercado de trabalho não ocorre na mesma velocidade e, além disso, não há tantas oportunidades de investimentos em infraestrutura, como aqui, uma economia em desenvolvimento. A taxa de desemprego na Alemanha ficou em 6,6% em outubro ante a taxa de 4,7% registrada no Brasil.

A Espanha – o que é um bom sinal – cresceu 0,5% no terceiro trimestre, mas a recuperação ou início da recuperação econômica não foi suficiente para reduzir a taxa de desemprego que está em 23,67% – os dados são de outubro. O PIB dos países da Zona do Euro, por sua vez, cresceu 0,2%. Esta foi a média de crescimento do produto dos países do bloco que têm uma taxa de desemprego de 11,5%. A França, isoladamente, cresceu 0,3% e o Reino Unido teve um desempenho melhor: o PIB cresceu 0,7% no terceiro trimestre, mas a taxa de desemprego está em 6%.

A Itália ainda enfrenta dificuldades – essas sim, recessivas. O PIB caiu 0,1% e a taxa de desemprego está em 12,6%. Quem melhorou um pouco foi a Grécia, que registrou crescimento do PIB de 0,7% no terceiro trimestre, embora a taxa de desemprego tenha chegado a 25,9%. O PIB de Portugal cresceu 0,3%, mas sua taxa de desemprego está em 13,4%.

O Japão teve uma queda de 0,4% do PIB, mas a taxa de desemprego é baixa: está em 3,5% ou o equivalente a 2,33 milhões de trabalhadores. O bom sinal, inclusive para o Brasil, é que a economia dos Estados Unidos dá sinais de recuperação – embora tenha subido os pedidos de seguro desemprego no mês passado. O PIB dos EUA cresceu 3,9% no terceiro trimestre e a taxa de desemprego que já tinha chegado a quase 11% no ápice da crise, está hoje em 5,8%.

Marcello Antunes

Colaboraram Rafael Noronha e Carlos Mota

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