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As iniciativas voltadas para a mobilidade urbana precisam incorporar as necessidades das pessoas com deficiência, alertou o senador Walter Pinheiro (PT-BA), para quem o debate sobre o tema tende a esquecer os cidadãos com necessidades especiais. Em geral, afirma Pinheiro, imagina-se a mobilidade como a garantia de vias, transporte de massa e menos carros nas ruas. “O discurso é pautado para o transporte, mas se esquece de que, quando perguntamos sobre os equipamentos para a pessoa com deficiência, verificamos que 24% dos transportes públicos não são equipados com estruturas para atender quem tem deficiência, condição que atinge 24% da população”.
Ele cita Salvador, capital de seu estado, uma cidade “feita para quem anda de carro”, que ignora o pedestre e, principalmente, as pessoas com necessidades especiais. “Se não pensarmos de forma mais ampla, acabaremos condenando as pessoas com deficiência a ficarem em casa”. O Brasil está fazendo enormes investimentos no setor de transportes, lembra o senador, e uma das providências precisa ser a exigência de que as linhas de metrô, de ônibus e outros modais de transporte coletivo atendam as necessidades de quem tem algum tipo de deficiência. “Tem que ajustar esse sistema de transporte para isso. Pensar integralmente o deslocamento. Pensar nas vidas das pessoas”, afirmou.
O conceito de mobilidade, alertou, tem que levar em consideração o ser humano “e não somente asfalto, asfalto, concreto, viadutos ou coisas do gênero. Mobilidade é velho direito de ir e vir”.
“As cidades foram pensadas excluindo os cidadãos. Elas não levam, em consideração o deslocamento a pé”, lamentou, lembrando que a mobilidade foi um dos temas mais cobrado nas manifestações de rua ocorridas no Brasil no último mês de junho. “A vida das pessoas melhorou, mas dentro de casa. Mas ela se degradou na rua”, afirmou Pinheiro. “As pessoas têm emprego, mas passam seis horas dentro do ônibus para ir ao trabalho. Elas conseguem comprar um carrinho, mas não têm como botar na rua para andar”.
O senador destacou que, apesar da baixa qualidade, o transporte público no Brasil é um dos mais caros do mundo, apesar de todo o sistema de tecnologia adotado. “Temos até ônibus bi-articulado e com sistema hidráulico. Mas [o sistema] continua bonitinho e ordinário”.