Pinheiro defende medidas que de fato respondam às manifestações

“Não podemos tomar decisões açodadas sem saber se os projetos serão implantados”
 

“O eixo do debate é discutir a
qualidade de vida das pessoas”

“Calma. De vagar com a dor que o santo é de barro”. Assim o senador Walter Pinheiro (PT-BA) conclamou os senadores pedindo tranquilidade para tomar decisões em resposta às manifestações que tomam as ruas do Brasil. Pinheiro disse temer resoluções “açodadas”, porque são aprovadas sem a real avaliação dos impactos e sem condições de implementação. Ele acredita que, mais do que traçar propostas, o momento é de ouvir e entender as insatisfações da população. A explanação do senador foi feita durante reunião da Comissão de Meio Ambiente, Fiscalização e Controle (CMA) na manhã desta terça-feira (25).

“Temo muito coisas açodadas. Esse lançamento de propostas como se fossem tábuas de salvação. Precisamos ler e compreender o momento, para ir tomando atitudes do tipo aprova-se e não tem como implementar”, afirmou Walter Pinheiro. “O mais correto neste momento é promover esse completo eixo de ausculta do movimento. Se não, a gente começa a eleger culpados. Todo mundo está dizendo que um dos grandes eixos é a forma de interagir, de participar e vamos traçar um caminho sem ouvir? Ninguém é capaz de tomar isoladamente decisões”, completou.

Para o senador, até mesmo a decisão de chamar uma constituinte exclusiva parece descabida, pois o Parlamento atual é a representação popular legítima. “O que veio aqui pra dentro é o extrato do que saiu da sociedade. Se tem erro no bloco eleitoral, então vamos discutir. Quer radicalizar? Então, faz logo eleição. Na minha opinião, não dá para ser assim”, argumentou Walter Pinheiro, que ainda ressaltou 100% de aprovação nas proposições envidas pelo Executivo, desde fevereiro de 2011.

Qualidade de vida
Pinheiro contou que, nos últimos dias, saiu às ruas para conversar com as pessoas e tentar desvendar a raiz da insatisfação, já que os números de levantamentos e pesquisas demonstram conquistas importantes, como o aumento da oferta de emprego e a ampliação das vagas de ensino. Segundo o parlamentar, a conclusão é que apesar dos avanços a qualidade vida nos grandes centros está regredindo.

“Avançamos, avançamos e estamos involuindo. A vida degradou na cidade, na contramão do que estamos vivenciando. Hoje, o salário permite às pessoas se locomoverem mais, mas estão ficando mais dentro de casa, porque passam seis horas dentro de um ônibus. Esse é o eixo do debate: discutir a qualidade de vida das pessoas. Tem gente que conseguiu chegar à universidade, mas ir e voltar é um parto. Para ter uma casa, o Minha Casa, Minha Vida ajuda nisso. Mas ninguém quer ficar só dentro de casa. O cidadão precisa ter a oportunidade de ir aonde ele quer ir e não aonde lhe é permitido ir”, destacou.

A necessidade de reavaliar as políticas e os investimentos também deve ser considerada prioridade, na opinião de Walter Pinheiro. “Será que é só botar mais dinheiro na educação e na saúde? Será que a modelagem está correta? Isso de só botar, botar, botar dinheiro é um saco sem fundo”, advertiu.

Transparência
Sobre as medidas de combate à corrupção, o petista, que foi relator da Lei de Acesso à Informação, reiterou que o único caminho é a transparência. “A gente só vai banir a corrupção quando a gente tiver plenitude das informações e do acesso a elas. O importante é chegar antes para inibir, para evitar a malversação dos gastos”, defendeu.

Recentemente, o Distrito Federal patrocinou um bom exemplo de como a transparência sobre os gastos do governo pode evitar o mau emprego dos recursos. Em maio, o governador Agnelo Queiroz suspendeu a compra de 20 mil capas de chuva para o policiamento da Copa do Mundo, por R$ 5,3 milhões.

Catharine Rocha

 

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