O Golpe de 2016, que levou ao impeachment fraudulento de Dilma Rousseff, afastada da Presidência da República sem que tenha cometido crime de responsabilidade, impediu que o país mantivesse uma trajetória de desenvolvimento econômico e social. Nessa quarta-feira, o jornal Valor Econômico divulgou estimativa da MB Associados apontando que se a economia brasileira tivesse continuado a crescer no ritmo médio anterior a 2014, o país teria um PIB R$ 1,8 trilhão maior agora – ou 27% acima do nível atual.
A empresa de consultoria comparou a expansão real do PIB acumulada de 2014 a 2020 com a trajetória que teria sido observada se o país tivesse crescido, no período, na mesma velocidade média anual registrada entre 1997 e 2013, de 3,2%. Segundo Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, mesmo setores competitivos, como o agronegócio – que apoiou o Golpe de 2016 e mantém apoio ao governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro – ou ainda a indústria extrativa mineral, foram afetados pela crise.
Como se não bastasse a queda da atividade econômica – que já havia subido mero 1% antes da pandemia do coronavírus – o Golpe de 2016 empobreceu o país, ao aprofundar a desigualdade social e de renda, com a manutenção da agenda econômica neoliberal imposta por Michel Temer, após o impeachment. O nível de desemprego no país subiu de 4,3% em 2014 para 12,7% em 2019, jogando mais de 40 milhões de brasileiros no mercado informal de trabalho.
A situação de desemprego continua atormentando os cidadãos brasileiros no governo Bolsonaro. Uma das principais iniciativas do governo para aliviar efeitos da pandemia, o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda pagou até 17 de julho um terço do total previsto para benefícios, de acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU). Dos R$ 51,6 bilhões reservados em orçamento, R$ 16,5 bilhões (32%) foram efetivamente desembolsados para complementar os ganhos de brasileiros que tiveram os contratos de trabalho suspensos ou os salários cortados, com correspondente redução de jornada.
“Bolsonaro não sabe o que é uma mãe ou um pai de família sem emprego. Bolsonaro nem ao menos sabe o que é emprego. Sempre loteou a máquina pública com a família. Agora tira o emprego daqueles que mais precisam”, criticou o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE).
A MB Associados estima que a economia brasileira vá encolher 6,4% este ano, após o aumento de 1,1% em 2019. Em 2015 e 2016, no auge da instabilidade política produzida pelas pautas-bombas no Congresso Nacional, o PIB encolheu 3,5% e 3,3%. O exercício mostra o que se perdeu em termos de crescimento nos últimos anos, mas também o desafio da recuperação à frente, especialmente em setores importantes como investimentos e construção civil. Curioso é que a previsão da empresa de consultoria ainda é otimista, tendo em vista que setores do mercado, mas também organismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) preveem queda de até 10% da atividade econômica brasileira até o final de dezembro.
“A campanha de ódio e a desqualificação da política jogaram o País nesta esquina sinistra de desemprego, volta da fome e falta de perspectivas. Sem golpe e sem Bolsonaro, o PIB seria 27% maior. O Brasil está exausto das consequências do obscurantismo. Enfrentar uma pandemia e o derretimento econômico com o governo incapaz e indiferente ao sofrimento do povo é uma contingência cruel. Vamos virar esse jogo”, aponta o senador Jean Paul Prates (PT-RN).
Com informações da Agência PT e do Valor Econômico