Políticos voltam a ser denunciados

Cabe a Gurgel decidir se pede ao STF abertura de inquérito contra Demóstenes

A mais recente investigação sobre a exploração ilegal de jogos por uma organização supostamente chefiada por Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, resultou na prisão dele e de mais 34 pessoas no fim do mês passado. A partir das investigações da chamada Operação Monte Carlo, a Justiça Federal de Goiânia decidiu, na última terça-feira, abrir processo contra Cachoeira e parte das 78 pessoas acusadas. Ele é acusado de subornar autoridades para explorar casas de jogos e, ao mesmo tempo, destruir os negócios dos concorrentes.

Os novos dados sobre as ligações entre Carlinhos Cachoeira, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e outros políticos com foro privilegiado foram enviados à Procuradoria Geral da República há duas semanas. Caberá ao procurador Roberto Gurgel decidir se pede ao Supremo Tribunal Federal abertura de inquérito contra Demóstenes e outros parlamentares federais supostamente vinculados a Cachoeira. O poderoso chefe do jogo está detido no presídio federal de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte.

A Operação Monte Carlo é a mais recente, mas não a única investigação em que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal esbarram nas ligações entre Cachoeira e influentes políticos. Há três anos, num inquérito aberto em Anápolis, a Polícia Federal já tinha detectado supostos vínculos de Demóstenes e dos deputados Carlos Leréia (PSDB-GO) e João Sandes Júnior (PP-GO) com Cachoeira.

O relatório está na Procuradoria Geral desde 15 de setembro de 2009. Cachoeira já foi condenado pela Justiça Federal no Rio de Janeiro a oito anos de prisão.

Com antigos vínculos com chefões do jogo do bicho no Rio, Cachoeira ganhou fama depois de protagonizar um vídeo em que Waldomiro Diniz, ex-assessor do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, pede propina a ele. O vídeo foi gravado quando Waldomiro era presidente da Loterj, mas acabou se transformando no primeiro grande escândalo do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O caso resultou na condenação de Waldomiro a 14 anos de prisão.

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