Paim: não vamos somente carimbar aqui o que a Câmara mandou para cáO senador Paulo Paim (PT-RS) disse, nesta segunda-feira (25), em plenário, acreditar no “bom senso” do Senado na análise do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Por ter em seus quadros, políticos experientes como ex-presidentes e ex-governadores, por exemplo, Paim acredita que o Senado não será apenas um “carimbador de decisões” da Câmara e discutirá com responsabilidade o tema.
“Nós não vamos somente carimbar aqui o que a Câmara mandou para cá. Até porque, se só carimbarmos, nós estaremos, queiramos ou não, nos aproximando da qualidade do debate que vimos lá; um debate que nos deixou envergonhados perante o mundo”, disse.
Caso o processo de impeachment avance e a presidenta Dilma perca o cargo por conta das chamadas “pedaladas fiscais”, quase 20 governadores de estado passariam a correr risco de impeachment, já que a operação foi utilizada em diversos governos e, anteriormente, era considerada como uma prática legal.
“Se é motivo de impeachment, e a moda pega, vamos começar então, a partir de maio, a afastar os governadores, os 16, para que eles respondam em casa se são culpados ou não de terem atrasado um pagamento. Em tese, é isso, para simplificar para o senhor entender. É como se ela tivesse atrasado o repasse que tinha que fazer, pagou todos os programas sociais, e depois pagou. Foram pagos”, enfatizou. “Duvido que haja algum senador convicto de que o caminho é esse [do impeachment]”, emendou.
Paim afirmou que os senadores saberão encontrar, após as devidas reflexões, “o caminho da decência”. Segundo ele, esse pedido de impeachment é indecente e é o mundo que está dizendo isso. “Não é só um ou outro parlamentar, ou os intelectuais, ou os poetas, ou o pessoal da cultura, ou o movimento social e até um setor do empresariado que eu conversei, que disseram: ‘Paim, vai ser um desastre pior do que agora’”, disse o senador.
Ele ainda voltou a criticar o plano de governo do PMDB, conhecido como “Ponte Para o Futuro”. Ali, destacou Paim, consta que não vai mais valer a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), mas sim o negociado. “Então, não vai mais valer a CLT. Se eu digo que vale o negociado sobre o legislado, o que vai valer? Vai valer o negociado. Se ali diz que a terceirização da atividade-fim vai acontecer, se ali diz que eu vou desvincular as receitas da saúde e da educação? Essa é a solução para combater o desemprego? Essa é a solução para combater a taxa de juros? Essa é a solução para avançar nos programas sociais? ”, questionou.
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