O preconceito e a discriminação contra as regiões Norte e Nordeste do Brasil continuam sendo um problema social e cultural no país. Na última semana, o desembargador Mário Helton Jorge, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), gerou controvérsia ao afirmar em uma entrevista que o Paraná tem um “nível cultural superior” às regiões Norte e Nordeste.
A declaração do desembargador gerou indignação e críticas de várias personalidades políticas, incluindo os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Fabiano Contarato (PT-ES).
Humberto Costa afirmou que a atitude do desembargador é inaceitável e representa um manifesto preconceito contra as regiões Norte e Nordeste. Ele elogiou a iniciativa do ministro da Justiça, Flávio Dino, em encaminhar a representação ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e ao Ministério Público Federal (MPF) para que a conduta do desembargador seja investigada.
O ministro, aliás, defendeu a criação de uma Justiça antirracista no Brasil e afirmou que a atitude do desembargador pode ser enquadrada na Lei 7716/89, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou cor.
Já Fabiano Contarato, líder do PT no Senado, disse que o caso deve ser investigado e rigorosamente punido.
“O preconceito é a pior forma de ignorância e diz mais sobre seus partidários que sobre suas vítimas. Esse episódio lamentável de discriminação demanda mais que meras desculpas e deve ser objeto de rigorosa apuração e punição!”, criticou o senador.
Preconceito
A fala absurda de Mário Helton Jorge foi preferido pelo magistrado durante uma sessão pública realizada pela Segunda Câmara Criminal na quinta-feira (13), no momento em que ele realizava voto, de acordo com a CNN.
“Porque é uma roubalheira generalizada. E isso no Paraná, que é um estado que tem um nível cultural superior ao Norte do país, ao Nordeste, etc. É um país que não tem esse jogo político dos outros estados”, disse Jorge.
Após a grande repercussão negativa pela fala preconceituosa, o magistrado divulgou nota lamentando o ocorrido.