Pra frente Brasil – Marta Suplicy – Folha de S.Paulo – 18/08/2012
A festa de encerramento da Olimpíada resgatou minha esperança de que podemos fazer bonito em 2016. Refiro-me à apresentação brasileira, que teve a oportunidade de saudação no palco final.
A brasilidade saía por todos os poros -sem as tradicionais apelações-, de forma criativa, com o samba no pé do gari Sorriso e com Marisa Monte, que parecia flutuar, deslumbrante, entoando “As Bachianas”, de Villa-Lobos. Oito minutos de tirar o fôlego.
Ainda bem, porque depois de maravilhar-me com as ginastas rítmicas de vários países, decepcionar-me com nossos nadadores, com nosso futebol, com nosso vôlei masculino e vibrar com nossas poucas medalhas, eu já pensava, com desânimo, no Carnaval – em todos os sentidos- que poderíamos apresentar. Mudei. Incorporei o espírito “pra frente Brasil” e quero dar sugestões.
São dois os desafios: o desempenho dos atletas e a mobilidade urbana para assistirmos às modalidades que serão em locais diferentes. Sobre a festividade, sei que será um show. Na segurança, já mostramos que, durante eventos, damos conta.
Desde ser “descoberto”, à desenvolver a determinação e disciplinas férreas exigidas, são anos para formação de um atleta. Nesse período, ele deve ter acesso a técnicos e equipamentos de ponta e não ter preocupação com a sobrevivência.
Lembro-me de quando fizemos os CEUs, uma das propostas era que fossem um celeiro de atletas olímpicos e talentos também na música e dança.
Os promissores estavam sendo encaminhados para o Centro Olímpico do Ibirapuera, reformado sob a orientação da Magic Paula. Tínhamos a ideia de não dispersar e investir em duas modalidades nas quais o Brasil já tem tradição: natação e ginástica artística.
Nesta semana fiquei feliz em saber que Thawany Lee, que agora treina no Flamengo, foi descoberta, pelo clube Paulistano, no CEU de Itaquera. Ela é uma das promessas para 2016 em ginástica artística.
Onde os jovens vocacionados estão treinando e com qual qualidade de técnicos? Em que condições? Como se dá a organização do investimento público e do privado? Sem esquecer que está mais do que na hora de o COB prestar contas à sociedade de como tem aplicado os expressivos recursos para tão pífios resultados.
Quais as prioridades e metas? Queremos participar. Podemos fazer como um preparo de desfile de escola de samba. Com torcida e tudo. Até com campanhas de contribuições financeiras para atletas ou modalidades!
Algo que me chamou atenção na experiência inglesa foi como conseguiram mostrar as tradições e a cultura de seu povo. Como iremos aproveitar essa excepcional oportunidade para mostrar o que é nosso patrimônio e beleza?
Muito a fazer!