André Guilherme Brandão, presidente do HSBC Brasil, confirmou que banco buscava clientes no Brasil para abertura de conta na Suíça entre 2002 e 2007O presidente do HSBC no Brasil, André Guilherme Brandão, participou na tarde desta terça-feira (5), na condição de convidado, de audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do HSBC, que investiga o escândalo conhecido no exterior de Swiss Leaks, revelado a partir do furto de dados da agência Private do HSBC em Genebra. A lista divulgada traz o nome de maisd de 8 mil brasileiros, titulares em mais de 6 mil contas-correntes. Brandão confirmou ainda um private bank vindo da Suíça para trabalhar no Brasil operou entre os anos de 2002 a 2007 com um propósito: “aconselhar” clientes de altíssima renda sobre de investimentos no exterior com todas as facilidades, inclusive ser detentor de uma conta numérica – sem identificação di nome do titular – na Suíça.
O executivo negou que a instituição no Brasil pudesse ter acesso à lista de brasileiros detentores de contas na agência suíça. Segundo ele, a partir de 2009, quando a autoridade monetária dos Estados Unidos aplicou uma multa de US$ 1,9 bilhão contra a holding do grupo HSBC, o banco iniciou o processo de depuração do que ele chamou de “contas de alto risco”, ou seja aquelas sob suspeição de movimentar resultado de negócios ilícitos, tais como contrabando, tráfico de drogas e pessoas, sequestro, terrorismo etc. “Houve a redução de 70% do total de clientes da área de private banking, de 30 mil para 10 mil”, explicou.
Brandão disse que, a partir de 2012, depois das irregularidades cometidas pelo HSBC terem sido objeto de uma CPI do Senado dos Estados Unidos, o banco iniciou um procedimento de prevenção contra operações financeiras suspeitas em todo o mundo. As investigações resultaram na aplicação da segunda maior multa da história do capitalismo. No Brasil, à mesma época, a área de prevenção de risco como lavagem de dinheiro passou por um reforço, contou Brandão aos senadores. O departamento, que tinha 20 funcionários, aumentou o contingente para 400. No mundo, disse ainda, são 1.500 funcionários nessa área.
A depuração de clientes de alto risco significou, de acordo com o presidente do banco, na extinção de 4,5 milhões de contas correntes. Eram 14,5 milhões de contas no mundo. No Brasil, algumas agências localizadas em áreas de alto risco – que ele não revelou – foram fechadas. Ele disse apenas que 50 agências bancárias no País são monitoradas em tempo real, acompanhando saques na boca do caixa e depósitos em moeda estrangeira. Mesmo assim, o presidente do HSBC negou qualquer acesso à lista de brasileiros que possuíam contas na agência da Suíça, no chamado escândalo Swiss Leaks.
Receita Federal
Também durante esta terça-feira (05), a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) divulgou que representantes brasileiros estiveram na sede da Direction Générale des Finances Publiques (DGFiP), em Paris – a receita federal francesa -, para receber informações a respeito de contribuintes brasileiros titulares de conta corrente “em uma instituição financeira localizada na Suíça”.
Com base no acordo para evitar a dupla tributação existente entre o Brasil e a França, foram recebidos 8.732 arquivos eletrônicos, cada um contendo o perfil do cliente brasileiro no banco na Suíça. A Receita brasileira realizou 34.666 consultas em seu cadastro, resultando em 652.731 possíveis nomes dos titulares das contas. Depurado esse universo, a Receita chegou à identificação efetiva de 7.243 contribuintes brasileiros correntistas pessoas físicas.
Entre os procedimentos que serão tomados a partir dessa base, a Receita Federal fará a troca de informações com o Banco Central e com o Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, para buscar elementos identificáveis de possíveis práticas de crimes financeiros contra o sistema financeiro nacional e lavagem de dinheiro. Em casos considerados mais graves, a Receita Federal irá acionar a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.
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