DivulgaçãoCarlos Mota
9 de novembro de 2016 | 16h19
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), barrou nesta quarta-feira (9) a entrada na Casa de Carina Vitral, presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE). Ela foi convidada como palestrante em audiência sobre a MP 746, que promove a reforma do ensino médio.
O presidente da comissão mista que analisa a MP 746, deputado Izalci (PSDB-DF), chegou a ler um documento no início da audiência sobre a arbitrariedade. O texto, segundo o tucano, dizia apenas que as presidentes da UNE e da UBES – que não estava em Brasília – não participariam do debate “por determinação do presidente do Senado”.
Indignada, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) afirmou que estavam “dispensando o povo brasileiro do Parlamento”. Ela ainda pediu aos demais debatedores convidados que não se manifestassem na audiência até que Carina e Camila estivessem presentes. Sem pestanejar, todos se recusaram a iniciar os trabalhos.
Izalci, constrangido, não teve outra alternativa a não ser suspender a sessão até que o caso fosse resolvido.
Centenas de estudantes já estavam sendo barrados no Congresso Nacional desde a manhã desta quarta. A maioria veio de Curitiba para participar do debate sobre a MP 746 e acompanhar a votação da PEC 55 (241 na Câmara), conhecida como PEC da Maldade, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ). Às 16h10, 40 estudantes começaram a ser liberados, aos poucos, para acompanharem a audiência da MP 746.
Estudantes liberadas
Assista a explicação de Carina Vitral sobre a “barrada” de RenanAntes mesmo da audiência sobre a MP 746 começar, a senadora Fátima Bezerra (PT-RN) já negociava com o presidente Renan Calheiros a entrada dos estudantes barrados na Casa. “Isso é inaceitável. Nós vamos voltar a conversar agora com a presidência do Senado porque não haverá audiência aqui sem a presença das estudantes”, afirmou Fátima.
Não demorou muito até que Carina Vitral, presidente da UNE, fosse liberada. Em entrevista, ela disse que em nenhum momento explicaram o motivo dela ter sido impedida de entrar no Senado. Carina afirmou ainda que são atitudes arbitrárias como essa que levam alunos a ocupar mais de mil escolas e 200 de universidades pelo País.
“Os estudantes querem ser ouvidos e os políticos não querem ouvir os estudantes. E nós não vamos deixar passar qualquer projeto que mude a nossa vida, que mude o nosso currículo sem sermos ouvidos, sem poder opinar, sem poder fazer manifestação”, disse a presidente da UNE.
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