Humberto Costa: temos que esquecer esse discurso do ajuste e passar fortemente para a defesa do programa de crescimento, de retomada do emprego, de controle da situação econômica do PaísO líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE), conversou com a imprensa na noite dessa segunda-feira (29), logo após participar do encontro das bancadas petistas do Senado e da Câmara com o ex-presidente Lula. A reunião marca a virada de página do PT em relação ao ajuste fiscal. Chegou o momento de mostrar as políticas e programas que vão fazer a economia recuperar. Para quem apostava e fez análises de que Lula estaria se desvinculando de Dilma, mais uma vez, caiu do cavalo. Lula, as bancadas do PT no Congresso e Dilma estão mais unidos do que nunca, por mais que isso cause descontentamento profundo naqueles que apostam suas fichas numa cisão. O encontro com Lula foi uma injeção de ânimo, porque nessa virada de página os deputados e os senadores petistas vão combater o discurso da oposição para mostrar as conquistas que a sociedade obteve nos últimos 13 anos com os governos petistas, nos dois mandatos de Lula e nos mandatos de Dilma, o primeiro que passou e o segundo que está só começando. Abaixo, nas perguntas dos jornalistas ao líder Humberto Costa:
Repórter – Na discussão com o presidente Lula o que mais se reclamou, o que foi preciso para aparar as arestas e sair com esse semblante?
Humberto Costa – Essa reunião foi totalmente diferente até porque o presidente chamou a atenção, e todos nós estamos de acordo, de que é preciso virar a página do discurso político. O ajuste, ele está se completando e, como proposta na conjuntura, se esgotando. O governo já saiu em campo com uma série de ações, com o programa integrado de logística, com a política de exportações; vai fazer o lançamento do Minha Casa Minha Vida 3; fez o lançamento do plano safra, então nós temos agora uma agenda. Nós temos que esquecer esse discurso do ajuste e passar fortemente para a defesa do programa de crescimento, de retomada do emprego, de controle da situação econômica do País.
Os senhores decidiram enfrentar de peito aberto a oposição, num tom mais crítico. É isso?
Isso não se trata de sermos até mal-educados como muitas vezes eles são e confundem a combatividade com a falta de educação doméstica. Não. Nos argumentos, no debate, na discussão, nós podemos politicamente derrotá-los e passar para a sociedade a visão do que é o governo hoje e não a visão do que a oposição tenta transmitir do que é o governo.
Havia uma reclamação específica em relação à CPI da Petrobras de que o PT poderia ser mais incisivo, mais combativo por lá. O presidente tocou nisso?
Não. Nós não chegamos a discutir especificamente esse tema. Todos os temas foram tratados no contexto da conjuntura política e do que nós precisamos fazer, tanto o partido quanto o governo, para sairmos dessa conjuntura de dificuldades para uma conjuntura da retomada da iniciativa política.
Sobre as delações da Lava Jato. Vocês falaram sobre isso? O Lula colocou alguma opinião dele em relação aos ministros citados?
Como eu disse: nós não entramos especificamente em nenhum desses temas. Foi uma discussão muito centrada na conjuntura de um modo geral, nas tarefas que nós precisamos fazer. Foi uma reunião para pensar para frente. Obviamente que nós vamos ter desdobramentos dessa reunião e de outras mais, onde nós vamos discutir cada um dos temas especificamente. Mas aqui (na reunião com o Lula e as bancadas petistas) eu acho que foi, acima de tudo, para animação de nossos parlamentares, para nós sentirmos que o presidente Lula continua cada vez mais forte e otimista como nunca e transmitir essa ideia para nós.
Líder, porque os celulares foram vetados ali na reunião? Para evitar novos vazamentos?
Acho que o fato até de vocês estarem aqui demonstra que nós não estávamos preocupados com isso.
Mas ele (Lula) saiu pelos fundos. Todo mundo saiu pela frente.
Isso é uma opção do presidente Lula, de querer ou não falar com a imprensa. É um direito de cada um.
Pois é. Veja, vocês usam o termo enfrentar a oposição, combater a oposição e ser mais diretos. A responsabilidade da crise do governo do PT é da oposição ou o partido…
Obviamente que não, mas nós sabemos que a grande mídia, com a oposição, monta um cerco violentíssimo sobre o nosso partido e o nosso governo, e muitas vezes nós não fazemos o enfrentamento. Não o enfrentamento de agressão física ou verbal, mas o enfrentamento dos argumentos e de maneira adequada. Então, nós precisamos nos organizar, debater, aprofundar o debate sobre as coisas que estão em discussão para podermos vencer o debate político no jogo das ideias.
O presidente Lula chegou a fazer críticas à imprensa?
Não. Nós não chegamos a essa discussão.
Marcello Antunes
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