A produção de notícias falsas faz parte de uma estratégia de divisão do País, promoção do sectarismo e atendimento aos objetivos dos grupos fascistas que tentam tomar o protagonismo no País. Essa é a avaliação que o senador Rogério Carvalho (SE), vice-líder do PT no Senado, fez durante a oitiva do general Santos Cruz, ex-ministro chefe da Secretaria de Governo de Bolsonaro, realizada nesta terça-feira (26), na CPMI da Fake News.
“Todo dia temos um tema artificial na pauta deste País. Armar a população, desregulamentar o trânsito e tantas outras asneiras que não levam a nenhum processo civilizatório sendo colocado de forma artificial para dividir a sociedade. Dividir, gerar falsa polêmica. Agora é a ciranda do AI-5. É o [deputado] Eduardo Bolsonaro, o general [Augusto] Heleno, o [ministro] Paulo Guedes. E não vejo essa Casa se movimentar”, criticou o senador.
O general Santos Cruz foi alvo de uma série de ataques de perfis bolsonaristas nas redes sociais, inclusive, do autodeclarado filósofo Olavo de Carvalho quem o ex-ministro classificou como “vigarista profissional”.
Santos Cruz evitou fazer acusações e confirmar a presença de nomes anteriormente ligados ao governo como membros do que ficou conhecido como “gabinete do ódio”. Ele deixou para a CPMI um conjunto de sugestões de mapeamento de comportamentos e grupos responsáveis pela disseminação de notícias falsas e assassinato de reputações no ambiente virtual.
“A população brasileira não é ideológica. Ela só quer resultado. Mas, às vezes, o pequeno grupo ideológico quer manter um clima de conflito permanente. O que não é bom. As vezes esse grupo ideológico também não gosta de uma posição mais equilibrada também. São coisas que acontecem na política”, disse. “Notícia falsa é um prejuízo muito grande. Outra coisa é quando utilizo a notícia falsa para alimentar conflito. A divisão social é algo que vem acontecendo no Brasil a um bom tempo, acho uma irresponsabilidade e o Brasil não pode continuar agravando essas divisões”, emendou.
Para o senador Rogério Carvalho, o modelo de organização apresentado por Santos Cruz para manipulação de debates, cyberbullying e disseminação de Fake News é o modo com o qual se constrói o fascismo na sociedade.
“O senhor mostrou aqui o esquema de produção de Fake News e isso tem uma finalidade: dividir a sociedade, nos separar com ódio, questões artificiais e manipulação da opinião pública. Uma aliança terrível de milicianos, grupos religiosos e governo. O presidente eleito disse num telefone gravado que ia acabar com todos os vermelhinhos. Isso é o que? Fascismo! Temas artificiais para dividir a sociedade”, disse.
Muito além do período eleitoral
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), disse ter ficado “frustrado” com a participação do general Santos Cruz na oitiva da CPMI e afirmou que o objetivo do colegiado transcende o ocorrido nas últimas eleições.
“Não estamos preocupados em discutir a eleição passada e se o presidente [Bolsonaro] será cassado. O problema é que esse tipo de ação continua. A coisa é tão debochada que até sobre a CPMI convocada para investigar as Fake News, eles fazem Fake News. Isso não pode continuar. Esse tipo de ação que ataca o STF, o Congresso Nacional, acaba criando crises e conflitos institucionais gravíssimos. Não podemos permitir que esse tipo de coisa continue”, alertou.