Projeto do PT

Projeto susta decreto de anulação de anistias assinado por Damares

Na avaliação de Rogério Carvalho, ao cancelar benefícios, Bolsonaro “tenta apagar da história os horrores da ditadura”
Projeto susta decreto de anulação de anistias assinado por Damares

Alessandro Dantas

A bancada do PT no Senado apresentou Projeto de Decreto Legislativo (PDL 270/2020) com intuito de sustar as “inconstitucionais, ilegais e absurdas” portarias assinadas pela ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, anulando a declaração de anistiados políticos a 295 ex-cabos da Força Aérea Brasileira (FAB), expulsos da corporação por motivos exclusivamente políticos.

“Ao cancelar benefícios de anistiados, o governo Bolsonaro tenta apagar da história os horrores da ditadura militar: perseguições, torturas, assassinatos.  Tudo isso para ‘limpar a área’ para uma nova ditadura que eles tanto ameaçam. O nosso PDL é para fazer justiça com as vítimas da ditadura e evitar que esses brasileiros sejam, novamente, vítimas de violência política”, aponta o senador Rogério Carvalho (SE), líder da bancada do PT.

De acordo com a Lei da Anistia (Lei 6.683/1979) são considerados como anistiados políticos quem sofreu perseguição política entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988.

O Supremo Tribunal Federal (STF) julgou constitucional, em outubro de 2019, a possibilidade de revogação das anistias concedidas a cabos da Aeronáutica. Mas os ministros definiram que deveria ser garantido ao anistiado a defesa administrativa e a não devolução das verbas recebidas de boa-fé.

Baseando-se em uma decisão proferida num Recurso Extraordinário (nº 817.338), Damares abriu procedimento de revisão dos 295 atos referentes aos ex-cabos da FAB e concluiu que as declarações de anistiados políticos deveriam ser anuladas, diante da ausência de comprovação da existência de perseguição exclusivamente política no ato concessivo.

A decisão da ministra, de acordo com os parlamentares, teve como base uma decisão do STF que sequer foi publicada e, portanto, ainda é passível de recurso e modificação.

No PDL, os senadores apontam que a ministra não buscou comprovar a ausência de perseguição política para a anulação das anistias, mas transferiu o ônus dessa prova para as vítimas do Estado.

Em entrevista do início do mês, Damares Alves afirmou que “gostaria muito” de acabar com a Comissão de Anistia até o final deste ano. A Comissão é justamente a responsável por analisar os processos de pedidos de anistia.

Confira a íntegra do projeto

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