Humberto Costa diz não ter visto com surpresa atuação da presidenta. A vida política dela sempre foi marcada pela ética com o gasto público
“Nós não podemos ficar esperando para ler as revistas do fim de semana ou o jornal de amanhã. Nós temos de tomar uma ação, uma busca ativa de criar condições de estabilidade no Brasil – e acho louvável a atitude dos senadores –, reconhecendo o trabalho que a Presidente Dilma tem feito até aqui”, afirmou o senador Jorge Viana (PT-AC) nesta segunda-feira (15/08) no plenário chamando para o Congresso Nacional a responsabilidade de criar projetos que garantam “segurança na ação implacável contra a corrupção”, sem abuso de autoridade.
Viana endossou o coro dos senadores que manifestaram apoio as medidas tomadas pela presidenta Dilma Rousseff em resposta as denúncias de desvio de recursos e malversação da máquina pública envolvendo algumas pastas ministeriais.
Líder da base de apoio ao governo, o senador Humberto Costa (PT-PE), afirmou que não viu com surpresa a atuação de Dilma ao ocupar a cadeira presidencial. Disse que a vida política dela sempre foi marcada pela ética com o gasto público e lembrou que outros assuntos, igualmente importantes, precisam entrar na agenda.
“É uma obrigação do gestor público combater a corrupção. A cultura política do nosso País é esta: no Brasil, comemoramos quando alguém resolve fazer combate a irregularidades, a problemas relativos à corrupção. Mas, como eu estava dizendo, outros temas também importantes precisam ser tratados. Se esses temas não forem tratados, vamos colocar em risco todos os benefícios sociais e econômicos que nosso País conseguiu conquistar ao longo dos últimos anos”, observou.
Para o senador José Pimentel (PT-CE), a corrupção no Brasil está vinculada ao financiamento de campanha eleitoral. “Precisamos fazer esse debate com a sociedade”, destacou ao lembrar que o Governo Lula fortaleceu a atuação da Polícia Federal e do Ministério Público da União, criou 413 novas Varas de Justiça e a Controladoria Geral da União (CGU).
“A corrupção só será combatida na medida em que fortalecermos os braços do Estado. Assim faremos um combate democrático”, disse Pimentel.
“A melhor forma de combater a corrupção no Brasil é fortalecendo as instituições”, acrescentou o senador. Ele também recordou que em dezembro de 2009, o presidente Lula encaminhou ao Congresso um projeto de lei endurecendo a legislação no combate à corrupção passiva e ativa.
A movimentação dos senadores, encabeçada por Pedro Simon (PMDB-RS) e Cristovam Buarque (PDT-DF), se respaldou no noticiário dos últimos dias, em que a mídia faz referência a uma possível pressão da base aliada contra a atuação do Planalto mediante as acusações. Os jornais alimentam, por exemplo, a idéia de ameaças de alguns parlamentares em não votar com o Governo em matérias importantes.
Caminhada
Simon avaliou o Governo Dilma como moralizador, o início de uma nova “caminhada”, e pediu que a presidenta continue a “faxina”. “Presidenta, apure o que tem de ser apurado. Não há nenhuma chantagem em cima da senhora para parar o que está fazendo. Continue. Com grandeza, com responsabilidade, com seriedade, com magnitude, com espírito republicano, mas continue”, disse.
O senador Cristovam afirmou que é preciso primeiro despertar para depois enfrentar os problemas do País. Para ele, Dilma agiu corretamente no enfrentamento a corrupção, mas precisa se atentar para o problema do fisiologismo que existe na forma como é consolidada as alianças.
“Uma coisa importante é pôr corruptos na cadeia. Mais importante do que isso é não ter corrupto em nenhum governo e não ter corrupto não é uma questão só de selecionar bem. É uma questão de fazer uma máquina que seja imune à corrupção. É impossível zerar completamente, mas é possível reduzir muito. Começa pela maneira de fazer a base de apoio aqui. A base de fisiológica é o lugar onde se espalha a chance de corrupção maior. Agora uma base de apoio programática é em função de metas, de objetivos, […] reduz muito a chance de corrupção”, destacou.
A senadora Ana Amélia apontou a corrupção como o maior entrave para o desenvolvimento do País. “Só a corrupção explica sermos a oitava economia do mundo, com perspectiva de chegar ao quinto lugar mundial, sem ter conseguido vencer a desigualdade, a pobreza e a exclusão social. Embora reconheça que avançamos muito”. E finalizou pedindo que a presidenta continue a limpar os ministérios.
“Me alio à iniciativa já destacada desta tribuna pelos senadores que me antecederam de dar a este movimento um suporte à Presidenta Dilma Rousseff, […] para que não ceda a pressões de grupos e, é claro, consiga pela sua decisão e vontade, cumprir com aquilo que a sociedade brasileira dela espera”, disse.
Também sinalizando apoio, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) pediu que a faxina continue, incluindo o próprio partido e cargos comissionados, que opinião do parlamentar, deveriam ser substituídos por técnicos concursados. “Dilma, continue essa faxina iniciada nos ministérios, faxina que alcança outros partidos, que alcança o meu partido pela importância dessa sinalização para o conjunto do País”, defendeu.
Catharine Rocha
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Fonte: Assessoria de Imprensa da Liderança do PT no Senado