Rafael Noronha
A luta popular, os retrocessos comandados pelo atual governo Temer, o avanço do neoliberalismo e a necessidade de união e mobilização dos movimentos de esquerda marcaram o ato político do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em defesa da reforma agrária e da democracia realizado na noite da última quarta-feira (25), em Fortaleza.
Para o senador José Pimentel (PT-CE) esse é o momento de centrar esforços contra um dos principais pontos da agenda de retrocessos de Michel Temer: a reforma previdenciária que afastará milhões de brasileiros do benefício da aposentadoria.
Pimentel lembrou que mulheres, trabalhadores rurais, professores e pessoas com deficiência serão duramente afetadas pelas medidas anunciadas pelo governo na área da Previdência Social.
A política de valorização do salário mínimo, instituída ainda no governo Lula e conquista dos trabalhadores, também sofre com o ataque da atual gestão Temer. Segundo José Pimentel, a aprovação do teto para gastos públicos para os próximos anos e o congelamento dos investimentos inviabiliza essa política. “Queremos uma forte agenda e um projeto de nação que garanta crescimento econômico com inclusão social e distribuição de renda”, defendeu o senador.
O dirigente nacional do MST, João Pedro Stédile, pediu o fortalecimento da formação de militantes e a convocação de eleições gerais durante o ato. Apesar do golpe iniciado com o afastamento da presidenta Dilma Rousseff, o líder do MST defende a construção de um novo projeto de País.
“Precisamos jogar no coletivo, pois o que importa é o compromisso com o povo. A sociedade vive uma grave crise econômica, social, política e ambiental. Houve uma derrota política, mas precisamos assumir o desafio de pensar em outro projeto”, disse.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou que o ato político organizado pelo MST marca o início do calendário de lutas e resistência daqueles que lutam pela democracia e contra a retirada de direitos no ano de 2017.
Gleisi lembrou que num curto espaço de tempo, a partir da eleição de Lula, o País teve a oportunidade de conhecer um modelo de desenvolvimento econômico e social diferente daquele anteriormente adotado e que permitiu a construção de um primeiro degrau no estado de bem-estar social que retirou milhões de cidadãos da miséria e trouxe crescimento econômico ao Brasil.
“Esse crescimento só foi possível porque dinamizamos o nosso mercado interno de consumo. Agora esse projeto neoliberal está destruindo isso, acabando com programas sociais, com a política de valorização do salário mínimo, com os bancos públicos, com o crédito subsidiado. Estão desmontando o Estado brasileiro para entregá-lo ao capital internacional. Só tem um jeito de resistir a esse golpe. E é com o povo na rua. Somos poucos e podemos perder batalhas, mas não vamos perder essa guerra”, enfatizou.
Já o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) denunciou a perseguição ao presidente Lula e aos membros de sua família na tentativa de inviabilizar uma eventual candidatura presidencial em 2018. “Qual o direito que tem o juiz [Sérgio] Moro de divulgar uma conversa da dona Marisa com seus filhos? Qual o direito da Rede Globo de divulgar isso em horário nobre? O golpe não acabou com o afastamento da presidenta Dilma. Ele começou com o afastamento e continua com a perseguição ao presidente Lula”, denunciou.
Lindbergh ainda ironizou os defensores do golpe que garantiam a retomada econômica do País após o afastamento da presidenta Dilma. Ao invés disso, presenciamos a “pasmaceira econômica” da qual, segundo Lindbergh, o País não sairá sem a realização de eleições diretas que coloquem no poder um presidente com legitimidade popular.
Para Lindbergh, o MST tem “autoridade moral para ajudar a organizar a resistência” contra o projeto conservador em curso no País. “É preciso unir a esquerda. Estamos vivendo a segunda ofensiva do neoliberalismo, mas ela não vai se sustentar por muito tempo, pois vai trazer miséria. É ilusão achar que vamos promover uma reforma pelo Senado. É preciso encher as ruas”, afirmou.