O mega-aumento dos combustíveis anunciado nesta quinta-feira (10) pelo governo Bolsonaro – que em menos de 24 horas já se traduziu em postos cobrando mais de R$ 10 por litro de gasolina e em previsões de impacto imediato na inflação, que já está na casa dos 10% ao ano – caiu como uma bomba junto à bancada do PT no Senado.
No mesmo momento do anúncio de aumento de 18,8% do preço da gasolina, de 24,9% do diesel e de 16,1% do gás de cozinha, estavam em votação no Plenário os projetos dos senadores do Partido dos Trabalhadores que vão justamente na direção oposta, ou seja, permitem a redução dos preços de gasolina, óleo diesel e gás de cozinha.
“No Acre, a gasolina passou dos 10 reais”, reagiu, indignado, o líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA). “Foi para isso que Bolsonaro destruiu o investimento em pesquisas, entregou a soberania nacional, privatizou tudo, boicotou as vacinas e agora vem mentir dizendo que não pode fazer nada em relação ao aumento dos combustíveis. Contra outra, miliciano”, afirmou o senador.
Para Paulo Rocha, a péssima gestão do governo federal vai levando o país para um buraco cada vez mais fundo. “Eles privatizaram parte da Petrobras e agora Bolsonaro leva o Brasil para o inferno. Que absurdo! A vida do povo brasileiro fica a cada dia mais difícil”, afirmou.
Privatização
Os senadores reproduziram nas redes sociais trecho de uma entrevista do ex-presidente Lula em que ele explica uma das razões para a alta da gasolina, que está ligada à dolarização dos preços.
“Sabe por quê a gasolina está cara, por quê o óleo diesel está caro? Porque o Brasil tinha uma grande distribuidora, chamada BR, que foi privatizada, e agora você tem mais de 400 empresas importando gasolina dos Estados Unidos ao preço de dólar, quando nós temos autossuficiência e produzimos petróleo em reais”, afirmou Lula.
O senador Rogério Carvalho (PT-SE), autor de um dos projetos aprovados ontem para reduzir os preços dos combustíveis, lembrou também a recente venda de refinarias da Petrobras, reduzindo o poder do país de transformar o petróleo em combustível. “O impacto da guerra na Ucrânia no preço do Petróleo é o mesmo em todo mundo. Mas por que o Brasil paga mais caro? Bolsonaro vendeu nossas refinarias e manteve a equiparação dos preços ao mercado internacional para favorecer acionistas privados da Petrobras”, explicou.
Rogério também alertou para a pressão do mega-aumento sobre a inflação. “Assustador! Mesmo sem o aumento dos combustíveis, a inflação de fevereiro acelerou 1,01%, a maior taxa para o mês desde 2015. Com isso, o desgoverno Bolsonaro corrói o poder de compra das famílias e aumenta o endividamento do povo. Esse abuso precisa ter fim!”, exclamou.
Distribuição de lucros
O senador condenou ainda a absurda distribuição de lucros aos acionistas, enquanto a população sofre com alta de preços. “Mais uma vez, o povo pagará o lucro exorbitante dos acionistas privados Petrobras. Até quando Bolsonaro continuará de joelhos para esses interesses? O mega-aumento atingirá toda economia e vai pressionar ainda mais o orçamento das famílias, enquanto o lucro dos acionistas segue preservado. Bolsonaro segue sem fazer nada para ajudar o povo”, afirmou Rogério Carvalho.
Já o senador Humberto Costa (PT-PE) aponta diretamente o culpado pelos preços altos. “A gasolina tá cara? A culpa é de Bolsonaro. O Brasil é autossuficiente em petróleo e a Petrobras produz em real, mas os brasileiros pagam em dólar”, resumiu. “Em todo o país, brasileiros fazem fila nos postos de combustíveis para tentar pagar menos no preço do combustível. O buraco que Bolsonaro e Guedes enfiaram o país é enorme e parece não ter fim.
“O PT quer dar um basta a este modelo que enriquece acionistas e empobrece o povo. Enquanto Bolsonaro desdenha dos brasileiros, o PT trabalha pelo povo”, afirmou Humberto.
O senador Jaques Wagner (PT-BA) reforçou a mensagem. “A política irresponsável desse governo só pensa nos investidores, sacrificando a economia e o povo. Tiram dos pobres para enriquecer mais os ricos. No Congresso, nós do PT estamos trabalhando, assim como os governadores, para melhorar as condições de vida dos brasileiros”, afirmou.
Vale-gás e vale-gasolina
Por sua vez, o senador Fabiano Contarato (PT-ES) ressaltou que os projetos aprovados, apesar do desgoverno, também focaram na ajuda à população mais vulnerável. “O Senado aprovou projeto do PT que deixa gás, gasolina e diesel mais baratos. A Petrobras anunciou hoje um elevadíssimo reajuste no preço dos combustíveis, mas o Congresso não pode deixar a população pagar a conta quando falta dinheiro para comprar até arroz e feijão. O número de famílias pobres com direito ao vale-gás passa de 5,5 milhões para 11 milhões. O projeto também cria o auxílio-gasolina, nos valores de R$ 100 e R$ 300 para taxistas, mototaxistas e motoristas de aplicativos”, ressaltou.
A criação do vale-gasolina foi destacada pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN), que foi o relator das duas propostas que barateiam os combustíveis.
“Sabemos o quanto os trabalhadores e trabalhadoras do nosso país têm sofrido com essa alta de combustíveis. Então, em nossa relatoria, os projetos de lei aprovados para baixar o valor do gás de cozinha, da gasolina e do diesel não poderiam esquecer as perdas que o povo já teve”, afirmou.
Ele também explicou como vai funcionar a ajuda. “Para motociclistas com habilitação para conduzir ciclomotor ou motos de até 125 cilindradas, o auxílio será de R$ 100, no limite de um benefício por família também com rendimento familiar mensal de até três salários mínimos. Com isso, queremos ajudar os trabalhadores mães e pais de família que já não aguentam mais lidar com esses aumentos abusivos e as suas contas mensais, como a feira, a água, a luz. O povo tem que viver com dignidade”, concluiu Jean Paul.