A história do PT no Senado se confunde com a formação do Partido dos Trabalhadores, que completa 43 anos nesta sexta-feira (10). Assim como a maior sigla de esquerda da América Latina, o grupo de senadores e senadoras foi construído a partir da diversidade dos seus fundadores: sindicalistas, intelectuais e uma ex-empregada doméstica e professora.
“Os senadores e senadoras do PT fazem parte da história não apenas do partido, mas do Brasil. A atuação dos nossos parlamentares garantiu conquistas históricas para milhões de pessoas, como o Mais Médicos e a Lei de Cotas. Com o presidente Lula de volta à presidência, iremos finalmente retomar as pautas que interessam aos brasileiros e brasileiras: o crescimento econômico, a geração de empregos e a preocupação com o social”, afirmou o líder do Partido no Senado, Fabiano Contarato.
Oficialmente formado em 1995, o gabinete nasceu quando a legenda reuniu cinco parlamentares e atingiu o número mínimo (três) para construir uma estrutura de Liderança. No entanto, o primeiro senador eleito pela sigla foi Eduardo Suplicy (SP), que tomou posse quatro anos antes.
Além de Suplicy, que comandou a estrutura partidária no Senado pelos dois primeiros anos, integraram a primeira formação da Liderança: Benedita da Silva (RJ), José Eduardo Dutra (SE), Lauro Campos (DF) e Marina Silva (AC).
“Era uma época que lutávamos no Senado contra a agenda econômica neoliberal do governo Fernando Henrique, além de trazermos para o centro da pauta da Casa o combate à fome e à pobreza”, afirma Márcia Anita Sprandel, assessora de assuntos sociais do PT no Senado desde 1997.
Ao todo, o Partido já contou com 49 senadores e senadoras dos mais diversos perfis. De gráficos e agricultores rurais a médicos e engenheiros. Muitos dos quais foram ainda ministros(as) e governadores(as). Em comum, histórias de luta pela classe trabalhadora que resultaram em dezenas de conquistas para a população brasileira.
Entre as atuações de destaque, estão as articulações para implementar no país programas como o Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Samu, Farmácia Popular e Mais Médicos – este último relatado na Câmara Federal pelo agora senador Rogério Carvalho (SE). Além disso, também os parlamentares também lutaram pela aprovação de leis como a Maria da Penha (11.340/06), contra o feminicídio (13.104/15) e de Cotas raciais (12.711/12).
Mulheres em destaque
Os números do PT no Senado mostram pioneirismo em diversas áreas, especialmente entre a bancada feminina, que teve 16 representantes da sigla ao longo dos anos.
O Partido, por exemplo, foi o primeiro a eleger uma mulher negra ao Senado: Benedita da Silva, em 1995. Ela, que sempre ostentou com orgulho o slogan de “mulher, negra e favelada”, também foi a primeira a tomar posse como governadora do Brasil, em 2002. Tempos mais tarde, a ex-senadora Fátima Bezerra (RN) seria a única mulher em 2018 a ser eleita governadora no Brasil.
A presidência do Senado também teve o pioneirismo de uma parlamentar do PT. Serys Slhessarenko (MT) foi a primeira a assumir o posto, em 2010. Ela, que era segunda vice, esteve no posto em razão de licenças do então presidente da Casa, José Sarney, e do primeiro vice, Marconi Perilo. “Não é algo pessoal. É algo do coletivo! E eu diria que dedico esse papel que estou desempenhando nesse momento a todas as mulheres brasileiras”, disse Serys há época.
Na Mesa Diretora do Senado, Marta Suplicy (SP) foi a primeira mulher a ser eleita primeira vice-presidente da Casa, em 2011.
As senadoras do PT também marcaram história pela luta em defesa de causas como as dos trabalhadores. Esse é o caso da ocupação da mesa diretora da Casa, em 2017, que adiou por cerca de 7 horas a votação da reforma trabalhista proposta pelo governo Temer.
Eram elas: Gleisi Hoffmann (PR), Regina Sousa (PI) e Fátima Bezerra, além de Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). A principal reivindicação das parlamentares era derrubar um artigo da reforma que permitia a gestantes e lactantes trabalharem em locais insalubres. Apesar da proposta ter sido votada posteriormente, o episódio se tornou um dos mais emblemáticos da história do Senado.
Líderes
Até hoje, o PT no Senado teve 16 líderes diferentes, das quais quatro eram mulheres. Atualmente, o líder é Fabiano Contarato (ES).
Os parlamentares que mais ocuparam o posto foram Humberto Costa (PE), em cinco oportunidades, e Ideli Salvatti (SC), por quatro vezes.
Humberto, ex-ministro da Saúde entre 2003 e 2005, é autor de leis como: autorização à Polícia Federal de investigar crimes de falsificação de medicamentos (12.894/2013), proibição de oferta de bebidas alcóolicas a menores (13.106/2015), rótulos de remédios mais visíveis (13.236/2015) e a criação de um sistema de rastreamento de medicamentos (13.410/2016).
Já Ideli Salvatti é autora da Lei 195/2003, batizada de “Lei do Acompanhamento”, que legaliza a presença de um acompanhante durante os partos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Há aqueles ainda que foram líderes tanto no Senado Federal quanto na Câmara dos Deputados. São os casos de Aloizio Mercadante (SP), Walter Pinheiro (BA) e Paulo Rocha (PA).
Enquanto Aloizio se notabilizou pela atuação na pauta econômica e em defesa do Minha Casa Minha Vida, Walter Pinheiro teve destaque nas pautas de ciência e tecnologia. Já Paulo Rocha, no Senado, além de atuar a favor dos direitos trabalhistas, também propôs a Lei Paulo Gustavo (Lei Complementar 195/22), que garante R$ 3,8 bilhões ao setor da cultura em caráter emergencial em decorrência da pandemia de Covid-19.
Confira abaixo todos os líderes da bancada:
Ano | Líder |
1995 | Eduardo Suplicy (SP) |
1996 | Eduardo Suplicy (SP) |
1997 | José Eduardo Dutra (SE) |
1998 | José Eduardo Dutra (SE) |
1999 | Marina Silva (AC) |
2000 | Heloísa Helena (AL) |
2001 | José Eduardo Dutra (SE) |
2002 | Eduardo Suplicy (SP) |
2003 | Tião Viana (AC) |
2004 | Ideli Salvatti (SC) |
2005 | Delcídio Amaral (MS) |
2006 | Ideli Salvatti (SC) |
2007 | Ideli Salvatti (SC) |
2008 | Ideli Salvatti (SC) |
2009 | Aloizio Mercadante (SP) |
2010 | Aloizio Mercadante (SP) |
2011 | Humberto Costa (PE) |
2012 | Walter Pinheiro (BA) |
2013 | Wellington Dias (PI) |
2014 | Humberto Costa (PE) |
2015 | Humberto Costa (PE) |
2016 | Humberto Costa (PE) |
2017 | Gleisi Hoffmann (PR) |
2018 | Lindbergh Farias (RJ) |
2019 | Humberto Costa (PE) |
2020 | Rogerio Carvalho (SE) |
2021 | Paulo Rocha (PA) |
2022 | Paulo Rocha (PA) |
2023 | Fabiano Contarato (ES) |
Longevidade
Eduardo Suplicy e Paulo Paim (RS) foram os parlamentares que mais tempo integraram, até hoje, a Liderança do PT no Senado.
Suplicy, apesar de ser o primeiro senador eleito pelo partido e ter ficado por três mandatos consecutivos na Casa, esteve por 20 anos na Bancada. Isso porque ela foi formada apenas quatro anos depois dele assumir o mandato.
Ficou marcado pela luta em defesa da renda básica de cidadania, que garante a todos os moradores há pelo menos cinco anos no Brasil um benefício monetário suficiente para atender às despesas mínimas de cada pessoa. Uma proposta de sua autoria sobre o tema acabou se tornando a Lei 10.835/04.
Outro senador com 20 anos na Liderança é Paulo Paim. A tendência é de que se torne o mais longevo parlamentar do PT no Senado, já que seu mandato se estende até 2027.
Paim é conhecido por ser autor dos principais estatutos em vigência no país. Entre eles, o do Idoso; da Igualdade Racial e da Pessoa com Deficiência. Ele ainda propôs o dos Povos Ciganos (atualmente na Câmara dos Deputados) e do Motorista.
Líder da PT entre 2021 e 2022, Paulo Rocha (PA) afirma que o trabalho de quase três décadas dos senadores e senadoras ajudou a mudar o Brasil para melhor.
“O PT no Senado faz parte da história do nosso Partido, das nossas lutas. Refletimos na Casa a atuação a favor do povo e pelos direitos daqueles que mais precisam. Tive muito orgulho de liderar companheiros e amigos tão qualificados ao longo dos anos. E tenho certeza que a bancada dará ainda mais orgulho ao país também nos próximos anos”, disse Rocha.
Veja abaixo todos os senadores e senadoras que passaram pela bancada do PT no Senado até hoje:
Senador(a) | Estado | Período no Senado |
Ana Rita | ES | 2011 – 2015 |
Aloizio Mercadante | SP | 2003 – 2011 |
Ana Júlia Carepa | PA | 2003 – 2006 |
Ângela Portela | RR | 2011 – 2019 |
Anibal Diniz | AC | 2010 – 2015 |
Augusta Brito | CE | 2023 – 2031 |
Augusto Botelho | RR | 2003 – 2011 |
Belini Meurer | SC | 2010 |
Benedita da Silva | RJ | 1995 – 1999 |
Beto Faro | PA | 2023 – 2031 |
Camilo Santana | CE | 2023 – atualmente ministro |
Delcídio do Amaral | MS | 2003 – 2016 |
Donizeti Nogueira | TO | 2015 – 2016 |
Eduardo Suplicy | SP | 1991 – 2015 |
Emília Fernandes | RS | 1995 – 2003 |
Eurípedes Camargo | DF | 2003 – 2004 |
Fabiano Contarato | ES | 2019 – 2027 |
Fátima Bezerra | RN | 2015 – 2018 |
Fátima Cleide | RO | 2003 – 2011 |
Flávio Arns | PR | 2003 – 2010 |
Geraldo Cândido | RJ | 1999 – 2003 |
Gleisi Hoffmann | PR | 2011 – 2019 |
Heloísa Helena | AL | 1999 – 2007 |
Humberto Costa | PE | 2011 – 2027 |
Ideli Salvatti | SC | 2003 – 2011 |
Jaques Wagner | BA | 2019 – 2027 |
Jean-Paul Prates | RN | 2015 – 2023 |
João Pedro | AM | 2007 – 2011 |
Jorge Viana | AC | 2011 – 2019 |
José Eduardo Dutra | SE | 1999 – 2003 |
José Pimentel | CE | 2011 – 2019 |
Lauro Campos | DF | 1995 – 2003 |
Lindbergh Farias | RJ | 2011 – 2019 |
Luiz Carlos | SC | 2011 |
Marina Silva | AC | 1995 – 2011 |
Marta Suplicy | SP | 2011 – 2019 |
Paulo Paim | RS | 2003 – 2027 |
Paulo Rocha | PA | 2015 – 2023 |
Regina Sousa | PI | 2015 – 2018 |
Roberto Saturnino | RJ | 1999 – 2007 |
Rogério Carvalho | SE | 2019 – 2027 |
Sadi Cassol | TO | 2009 – 2010 |
Serys Slhessarenko | MT | 2003 – 2011 |
Sibá Machado | AC | 2003 – 2008 |
Teresa Leitão | PE | 2023 – 2031 |
Tião Viana | AC | 1999 – 2010 |
Valdiolanda Teófilo | SE | 2003 |
Walter Pinheiro | BA | 2011 – 2019 |
Wellington Dias | PI | 2011 – 2014 / 2023 – atualmente ministro) |
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