Pimentel: não é troco à oposição; é o compromisso de investigar todas as suspeitas de irregularidades |
Bancada, representada por três senadores, apresentou requerimento chancelado por 255 parlamentares
Com as assinaturas de apoio de 220 deputados e 35 senadores, os senadores José Pimentel (PT-CE), líder do governo no Congresso; Humberto Costa (PT-PE), líder do PT no Senado; e Aníbal Diniz (PT-AC) protocolaram na Mesa Diretora do Congresso o requerimento que pede a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito mista (CPMI) para investigar a corrupção no metrô de São Paulo e Distrito Federal.
O fato determinado desse pedido de abertura de uma CPI mista consiste na investigação das denúncias de formação de cartel, corrupção de autoridades e outros ilícitos nos contratos, licitações, execução de obras e manutenção de linhas de trens e metrôs no estado de São Paulo e no Distrito Federal, com uso de recursos federais em prejuízo da prestação do serviço público de transporte.
Assim que apresentou o requerimento à Mesa Diretora, o senador José Pimentel concedeu entrevista à imprensa que, em peso, acompanhou o ato de entrega do requerimento que deve ser lido ainda na noite desta terça-feira, durante sessão do Congresso Nacional.
Um repórter da rádio Jovem Pan, de São Paulo, questionou Pimentel se, caso não houvesse a CPI da Petrobras, também não existiria essa CPI, a do metro de São Paulo. O senador respondeu que a vida leva os fatos a acontecerem na hora necessária. Não satisfeito, o repórter perguntou se a investigação de todos os contratos do metrô será levada adiante. “Nós temos uma postura parlamentar em nossos 20 anos de nunca blefar e conduzir as coisas com muita tranquilidade”, respondeu Pimentel.
Confira as principais perguntas que a imprensa fez ao líder do Governo no Congresso Nacional:
Pimentel – Nós apresentamos a CPI Mista do Congresso sobre o metrô de São Paulo. Ela tem 220 assinaturas na Câmara e 35 no Senado. Hoje à noite tem sessão do Congresso e vamos pedir a sua leitura e, consequentemente, a sua tramitação.
Repórter – Isso é um troco na oposição?
Pimentel – De forma alguma. Nós temos um compromisso de que todas as irregularidades de que tomamos conhecimento devemos investigar. No caso concreto do metrô de São Paulo, ele é feito com recursos da União, mas, principalmente, com empréstimos internacionais em que o Senado Federal aprova e a União presta o compromisso de solidariedade. Nessa semana mesmo, ontem, votamos quatro mensagens de empréstimo para o estado de São Paulo e todos esses recursos são destinados ao sistema de transportes, ao metrô de São Paulo.
Repórter – Vão investigar irregularidades em outros metrôs, como o do DF (Distrito Federal), por exemplo?
Pimentel – Na proporção em que elas (as denúncias) forem chegando, tomaremos as medidas.
Repórter – Mas dá para incluir?
Pimentel – Nós estamos fazendo a representação da ação contra a Alstom. A representação envolve a Alston e, consequentemente, o metrô de São Paulo.
Repórter – Então, sobre essas outras denúncias, teria que haver uma outra comissão?
Pimentel – Nós temos já essa matéria identificada por vários órgãos de fiscalização, desde o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que discutiu previamente e chegou a essa conclusão. Tentamos fazer essa CPMI na assembleia legislativa do estado de São Paulo, mas, infelizmente, o PSDB não deixou instalar. Mas como a União é avalista de todos os empréstimos e têm recursos da União, resolvemos trazer para o Congresso Nacional.
Repórter – Terminando de fazer o protocolo na Mesa do Congresso, o passo seguinte é sua leitura e, a partir daí, começam os prazos regimentais. Vai ser possível investigar tudo isso?
Pimentel – Nós já temos um processo de investigação muito avançado, através do Ministério Público Federal, do Tribunal de Contas da União, da Polícia Federal e, no caso concreto do metrô de São Paulo, também há uma investigação internacional com mais de 30 indiciados. Já tem um conjunto de matérias investigadas que vai ser agilizada no Congresso.
Repórter – A oposição está dizendo que isso é uma espécie de vingança.
Pimentel – O que nós estamos fazendo é uma investigação em cima de dados adiantados e se o Congresso aprovou esses empréstimos, cabe a nós, do Congresso, também investigar.
Repórter – Se não houvesse a CPI da Petrobrás também não haveria essa CPI…
Pimentel – A vida leva os fatos a acontecerem na hora necessária.
Repórter – O senhor vai levar em frente, então, a investigação de todos os contratos do metrô.
Pimentel – Nós temos tido, nesses 20 anos de vida parlamentar, uma postura de nunca blefar e construir ações com muita tranquilidade.
Repórter – O senhor vai ser relator da Petrobras?
Pimentel – Depois de indicar quem serão os membros, o PMDB vai escolher o cargo prioritário.
Repórter – Mas o PMDB já escolheu a presidência…
Pimentel – A leitura foi feita ontem, a oposição não indicou seus nomes, por isso nós aguardamos a indicação por parte da oposição para, em seguida, tomarmos as medidas necessárias.
Marcello Antunes e Giselle Chassot
Confira o requerimento que pede a criação de uma CPI mista para investigar o metrô de São Paulo