Alessandro Dantas

Fabiano Contarato criticou senadores que fizeram declarações desrespeitosas sobre Marina Silva
Presidente da Comissão de Meio Ambiente, o senador Fabiano Contarato (PT-ES) fez, nesta quarta-feira (28), uma manifestação em defesa da ministra Marina Silva ao iniciar audiência pública no colegiado. Ele pediu perdão em nome do Senado pelas falas de senadores no dia anterior dirigidas à ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, que esteve na Comissão de Infraestrutura para explicar o processo de estudo de unidades de conservação no Amapá.
“Eu não tenho procuração dos meus colegas senadores, mas eu quero pedir perdão em nome do Senado Federal à população brasileira, a todas as mulheres, a todas as mulheres negras, a todas as mulheres que sempre são silenciadas. Não quiseram silenciar apenas a ministra de Estado, mas todas as mulheres. Eu, como parlamentar, não poderia me omitir diante da gravidade do que aconteceu ontem aqui com Marina Silva”, disse o senador.
Para Contarato, o caso de Marina é mais um exemplo de ataques que recorrem a características pessoais para desqualificar alguém.
“Essa é uma prática infelizmente comum: pra desqualificar alguém, ataca-se a orientação sexual, a cor da pele, o gênero ou adota-se um comportamento etarista. Compete a todos nós lutarmos pra abolir toda e qualquer forma de discriminação. Ser cidadão não é apenas viver em sociedade, mas transformá-la. E nós precisamos de homens e mulheres que não sejam covardes, que tenham a altivez, a determinação, a força e o vigor da ministra Marina Silva”, afirmou o senador.
Sobre as manifestações de senadores feitas no plenário, após a ministra sair da audiência pública no Senado, Fabiano Contarato referiu-se a episódio semelhante ocorrido durante a CPI da Covid.
“Lá muitos senadores se exaltavam. Nenhum foi chamado de descontrolado. Mas a senadora Simone Tebet foi. Por quê? Eu não tenho dúvida: um comportamento sexista, machista, misógino”, sentenciou Contarato.
O senador ponderou ainda sobre direitos alcançados recentemente pelas mulheres e a realidade das condutas na sociedade brasileira, composta por maioria feminina.
“Ainda não vivemos a igualdade estabelecida no texto constitucional. Quando as mulheres tiveram direito à licença-maternidade, as empresas começaram a não contratar mulher ou exigir atestado de esterilidade. Até antes da reforma do Código Civil a mulher era considerada semi-incapaz. A minha mãe usava o CPF do meu pai. É esse o Estado brasileiro: sexista, misógino, racista, homofóbico, xenofóbico. Nós não podemos perder a capacidade de indignação”, declarou.