Racismo mostra resistência ao empoderamento da população negra

Racismo mostra resistência ao empoderamento da população negra

Assim como a atriz Taís Araújo, o jogador do São Paulo Michel Bastos e a estudante Zahra Fayola, de 17 anos, também foram vítimas de ataques racistas nos últimos quatro dias. Zahra é filha do presidente da Comissão pela Igualdade Racial seccional do Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcelo Dias. 

Em comum, além do enfrentamento ao racismo, eles têm a notoriedade pública. Taís Araújo utilizou o Facebook para responder às ofensas. O post foi curtido por mais de 914 mil perfis e compartilhado por mais de 143 mil pessoas. 

Para o presidente nacional de Combate ao Racismo do PT, Nelson Padilha, os ataques são “o grito dos desesperados da direita coxinha pela constatação de que as políticas de promoção da igualdade racial estão significando um novo paradigma de empoderamento da população negra brasileira”. 

De acordo com Padilha, as políticas de governo, como as cotas raciais de ingresso em universidades públicas e programas que de redução da pobreza, como o Bolsa Família, estão gerando uma nova classe média, de tom de pele mais escuro. 

“Mulheres como Taís Araújo assumem naturalmente seu papel de musa, com a ascensão de classe social dos negros”, avalia. 

“No entanto, há uma necessidade profunda de ajustarmos os mecanismos legais de fiscalização e punição dessas práticas racistas criminosas”, criticou. “Os legisladores e os julgadores precisam amadurecer e avançar seu discurso”, ressaltou. 

A deputada federal e presidenta da Frente Parlamentar Brasil-África, Benedita da Silva (PT-RJ), destacou a importância de fazer valer as leis que combatem a injúria racial e o racismo para evitar que situações como essas continuem se repetindo. 

“Temos que dar um basta nessas manifestações racistas, que cada dia afloram mais”, avaliou. “Precisamos de instrumentos para que a gente possa cumprir a lei, que os responsáveis pelo racismo sejam realmente punidos”, continuou. 

Monitoramento 

Em novembro, mês em que se comemora o Dia da Consciência Negra e com vários eventos de promoção da igualdade racial, a Universidade do Espírito Santo (Ufes) vai lançar um aplicativo para identificar mensagens em redes sociais que promovam o racismo, o ódio e a intolerância. O objetivo é identificar e denunciar os responsáveis. 

O programa foi encomendado pelo Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos e buscará palavras-chaves que levem a posts suspeitos. 

Outros canais de denúncia já implementados são o Disque 100, o site Safernet e o Canal do Cidadão do Ministério Público Federal. 

O Disque 100 funciona 24 horas por dia. As ligações são gratuitas e podem ser realizadas de todo o Brasil. É garantido o anonimato do denunciante. 

Denúncias – No Facebook, a atriz Taís Araújo declarou que não vai apagar nenhum comentário ofensivo. A Polícia Civil foi acionada e já está investigando o caso. O meia do São Paulo, também atacado nas redes sociais, informou via assessoria de imprensa que denunciará à polícia a pessoa que o ofendeu. 

Segundo matéria publicada no site do Jornal Extra, ao saber do episódio envolvendo Zahra, o advogado Marcelo Dias convocou uma reunião na escola onde a adolescente estuda. 

“O racismo deixa nossas crianças com dor de cabeça. O racismo mata a juventude negra. O racismo nos coisifica. O racismo teme nosso empoderamento. Racismo é crime. Reaja à violência racial”, comentou ao jornal. 

Agência PT de Notícias 

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