Dados do relatório de produção do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (Sisab), do Ministério da Saúde, obtidos pelo jornalista Carlos Madeiro, do UOL, mostram o trágico resultado da postura negacionista e antivacina adotada pelo governo anterior nos últimos quatro anos. Entre janeiro e novembro de 2022, 33,1% de bebês e crianças (até 11 anos) atendidos em consultas na atenção básica pelo país estavam sem a vacinação em dia.
O percentual é o maior dos últimos cinco anos, quando os índices de cobertura vacinal no Brasil começaram a cair.
“Nossa gestão à frente do Ministério da Saúde será pautada pelo diálogo com a ciência”, disse a nova ministra da Saúde, Nísia Trindade, em seu discurso de posse.
Além disso, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, disse nesta sexta-feira (6) que há um desabastecimento de vacinas pediátricas contra Covid no país, fruto da desorganização da gestão anterior. Mas, Ethel destacou que o Ministério já está em negociação com a Pfizer para tentar repor os estoques dos imunizantes até o fim deste mês.
No final do ano passado, ao entregar o relatório do Grupo Técnico de Saúde do Gabinete de Transição, a atual ministra da Saúde anunciou medidas como a transformação do Programa Nacional de Imunizações (PNI) em departamento, a restituição do Comitê Técnico Assessor de Imunização e o reforço do Sistema Único de Saúde (SUS) como meta desde o seu primeiro dia de gestão.
O vice-presidente Geraldo Alckmin destacou que a saúde é uma das áreas prioritárias para o novo governo. Ele afirmou que nos últimos anos várias áreas “andaram para trás”, mas que o maior retrocesso foi registrado na saúde.
“Até o PNI, que era exemplo no mundo, teve uma enorme perda, a ponto de termos hoje cerca de 50% das crianças entre 4 e 5 anos sem o reforço para poliomielite”, disse, acrescentando entre os retrocessos o represamento de exames e cirurgias, além do corte de verbas para o Programa Farmácia Popular.
A situação é tão delicada que, para 2023, o governo deve ter dificuldade para ampliar a cobertura vacinal. Tudo isso porque Bolsonaro não fez um planejamento para a reserva de compra de imunizantes destinada a ampliar o estoque.
Ou seja, o número de doses para este ano é suficiente apenas para manter os atuais patamares, que não chegam a 75% em nenhum dos principais imunizantes. Para uma cobertura vacinal eficiente, é preciso manter a taxa acima de 90%.
O senador Humberto Costa (PT-PE), coordenador do GT de Saúde, estabeleceu como prioridade recompor o Orçamento da pasta e a cobertura vacinal do país. Ele apontou a falta de insumos, remédios e imunizantes no país.
“É um desabastecimento grande que vai da dipirona ao remédio para Aids”, disse. Segundo o senador, a lista de prioridades do novo governo ainda inclui a redução da demanda reprimida de vacinas causada pela pandemia e propor medidas para pacientes com sequelas pós-covid.