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Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
A Comissão Mista encarregada pela análise da Medida Provisória (MP 1162/2023) – relançamento do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) – ouviu nesta quarta-feira (3) representantes da sociedade civil organizada envolvidos historicamente na luta pela garantia do direito constitucional do acesso à moradia.
Na avaliação dos debatedores, o presidente Lula acertou ao relançar o MCMV logo no início do seu terceiro mandato e dando destaque para a necessidade de o Brasil retomar com uma política habitacional de peso, permanente e que garanta moradia digna para quem mais precisa.
“Moradia é direito, não mercadoria. Precisa ser alvo de política pública e uma obrigação do Estado. É necessário garantir moradia digna para todas as pessoas no país”, disse Evaniza Lopes Rodrigues, representante da União Nacional por Moradia Popular (UNMP).
De acordo com o representante do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Rudrigo Rafael Souza e Silva, o déficit habitacional no Brasil afeta cerca de 5,8 milhões de famílias. Outras 9,5 milhões de pessoas vivem em áreas de risco.
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Além disso, 281 mil pessoas estão em situação de rua. Nos últimos três anos, houve um aumento de 38% de pessoas nesta condição.
“Queremos reestabelecer um regime de proteção social no Brasil. Vivemos uma crise social, política e econômica. Pensar o Minha Casa, Minha Vida como um grande vetor de retomada e reconstrução do país é fundamental. Vivemos um cenário de urgência habitacional”, alertou o representante do MTST.
Dados da campanha Despejo Zero mostram que, hoje, o Brasil tem 945 mil pessoas ameaçadas de despejo. Dentre elas, 308 mil estão na iminência de serem removidas de suas casas a qualquer momento.
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), vice-presidente do colegiado, saudou a presença de tantos representantes da sociedade civil contribuindo nos debates sobre um tema tão importante e apontando caminhos que podem modernizar, ainda mais, o programa.
“Ver lideranças da luta por moradia popular tomando voz no Congresso Nacional é uma satisfação. Isso é a expressão do tipo de política pública que queremos construir, que é com participação popular”, pontuou.
O programa Minha Casa, Minha Vida foi criado no segundo mandato do presidente Lula, em 2009, para facilitar a aquisição de moradias populares por meio de subsídio e taxa de juros abaixo do mercado.
Com a medida provisória em análise pela comissão mista, o governo Lula apresentou mudanças em relação ao programa original, como a prioridade de atendimento a famílias que tenham a mulher responsável, além de novas faixas de renda para o financiamento habitacional.
De acordo com o texto da MP, a maior faixa de financiamento no caso de propriedades rurais é de renda bruta familiar anual de R$ 52.800,01 até R$ 96 mil. Já no caso de financiamento de propriedades urbanas, a maior é de renda bruta familiar mensal de R$ 4.400,01 até R$ 8 mil. O texto do Poder Executivo também tem objetivo de estimular a construção civil. A meta anunciada pelo governo é possibilitar a oferta de dois milhões de habitações até 2026.