O senador Paulo Paim (PT-RS) comemorou a sessão de homenagem ao Dia do Aposentado realizada nesta segunda-feira (13), no plenário do Senado Federal, como a mais concorrida em trinta anos de sua vida parlamentar. Na sessão que funcionou como uma audiência pública, onde representantes de centrais sindicais, confederações e entidades da sociedade civil se uniram contra a Reforma da Previdência encaminhada por Temer, alguns encaminhamentos foram tirados, como o início da coleta de assinaturas para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Previdência Social.
A comissão poderá mostrar como a Previdência Social deve ser resgatada do desmonte e da tentativa do governo golpista de entregá-la ao sistema financeiro. “Essa reforma é um crime contra o trabalhador. É um ato de desumanidade. Não passará”, disse Paim. Até quarta-feira (15), as centrais sindicais se reúnem para definir a data da greve geral que terá a participação dos aposentados e pensionistas. Os movimentos sociais farão vários cartazes com as fotografias de deputados e senadores que apoiam a Reforma da Previdência de Temer, para que seus eleitores conheçam quem defende a retirada de direitos. Além disso, vão pedir a recriação do Ministério da Previdência, já que o governo Temer transferiu todas as atribuições para o Ministério da Fazenda.
Senadores
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) participou da homenagem e defendeu união de todos para brecar a reforma. “As pessoas estão entendendo que não dá para se aposentar com 49 anos de contribuição. Essa reforma é um tiro no pé, por isso precisamos nos mobilizar contra esse governo entreguista. Fora Temer, eleições diretas já”, bradou.
O ex-ministro da Previdência na gestão de Lula, o senador José Pimentel (PT-CE) traçou um panorama de cada regime em que mostrou como a previdência é superavitária. “Em maio de 2016, quando houve o afastamento da presidenta Dilma, a primeira coisa que o governo golpista fez foi extinguir o Ministério da Previdência. Em 2016, eles comeram R$ 33 bilhões e deram um déficit na parte urbana de R$ 46 bilhões, ou seja, produziram um buraco de R$ 80 bilhões pela extinção do Ministério”, destacou. “Por isso instalar uma CPI da Previdência Social é mais do que necessária”
Depoimentos
Miguel Salaberry Filho, representante da UGT, recomendou que nessa guerra contra a Reforma da Previdência, as pessoas devem saber da boca dos deputados e senadores porque são a favor das mudanças, que só agridem os direitos. Ele denunciou que a reforma, ao invés de melhorar as condições de vida, vai piorar, porque promove o achatamento dos benefícios.
Graça Costa, da CUT, lembrou que dia 15 de março uma grande manifestação contra a reforma acontecerá e a mobilização de todos é fundamental. “Uma reforma como essa não pode ser discutida em 30 dias como quer o governo golpista. O povo deveria ser consultado. Deveríamos discutir as fontes de arrecadação e financiamento e preservá-las, não privatizar a previdência”, observou.
Ubiraci Oliveira, da CGTB, alertou para a campanha publicitária do governo golpista, em horário nobre, para falar que é preciso fazer a reforma. “É uma mentira contada para a população com dinheiro público. Eles mentem dizendo que a previdência é deficitária. Isso é mentira”, afirmou. Bira, como é chamado, criticou o governo Temer por ter aumentado de 20% para 30% a Desvinculação de Receitas da União (DRU). Na prática, essa desvinculação retirou da Seguridade Social, ou seja, da Previdência Social, cerca de R$ 120 bilhões. “Esse dinheiro foi para pagar os banqueiros. Outros R$ 500 bilhões do orçamento também foram gastos no pagamento de juros para os bancos. Isso é uma esculhambação”, criticou.
Maria Rita Fatorelli, da Coordenação Nacional da Auditoria da Dívida, disse que “todos nós estamos sendo enganados por esse governo”. Segundo ela, os banqueiros são os principais parceiros do governo Temer na retirada de direitos dos trabalhadores. Para ela, é fundamental fazer uma auditoria da dívida pública brasileira para mostrar que os bancos são os grandes responsáveis pelo rombo nas contas públicas.
Já Diego Cherulli, da OAB, que participa do movimento pela verdade na previdência, disse que o governo tem feito gastos acima de R$ 500 milhões para anunciar na tevê que a reforma é necessária, que a vida das pessoas vai melhorar. “Isso é um descalabro e o presidente Temer comete crime de responsabilidade por suas ações”, denunciou.
O representante do Mosap, movimento dos aposentados, Edson Guilherme, disse que déficit só existe na credibilidade do governo, porque há superávit na Previdência. “O que querem fazer na reforma não é uma reforma, é aniquilar a dignidade do servidor público, dos pensionistas e dos trabalhadores da iniciativa privada”, disse.
Maria Antonia Magalhães, da Força Sindical, cobrou coerência dos parlamentares em relação à Reforma da Previdência. “Os parlamentares devem pensar em suas mães. Eles devem saborear esse veneno, porque a reforma vai prejudicar seus filhos e seus netos”, cobrou.
Warley Martins, presidente da Confederação Brasileira dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Cobap), em que pese as diferenças programáticas, conclamou todas as entidades dos movimentos sociais a se unirem contra a Reforma da Previdência. “Ou a gente junta todas para derrubar este governo com suas propostas ou eles vão passar na calada da noite a máquina em cima da gente”, afirmou, mesmo observando que o governo tem maioria na Câmara e no Senado. “Eles não querem roubar um pouquinho da Previdência, eles querem roubar tudo”, enfatizou.
MULTIMÍDIA
Representantes de entidades desfazem mito do déficit da Previdência
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