A senadora Regina Sousa (PT-PI), presidenta da Comissão de Direitos Humanos no Senado Federal foi à tribuna nesta segunda-feira (11) exigir a imediata apuração da denúncia, de que índios que vivem isolados na região do Vale do Javari – extremo oeste do Amazonas – foram massacrados por garimpeiros que exploram, ilegalmente, minerais na área da reserva. A denúncia foi publicada em veículos da imprensa nacional e estrangeira.
Na última sexta-feira (6), o Ministério Público Federal do Amazonas confirmou estar investigando as mortes de índios conhecidos como “flecheiros”. De acordo com as denúncias, mulheres e crianças estão entre os mortos. Garimpeiros ilegais que costumam navegar pelo rio Jandiatuba, localizado dentro da terra indígena, na fronteira com Peru e Colômbia, seriam os suspeitos.
Relatos desse massacre começaram a chegar no município amazonense de São Paulo de Olivença, quando também os supostos assassinos passaram a mostrar materiais recolhidos de suas vítimas, como flechas e um remo. De acordo com as investigações em andamento, os assassinos teriam esquartejado suas vítimas e lançado os pedaços no rio.
“Estou denunciando aqui para que as autoridades tomem uma providência”, disse Regina. Ela lembra que com o desmonte das estruturas governamentais que deveriam oferecer proteção e suporte às comunidades indígenas – como a Funai – fica ainda mais difícil garantir a sobrevivência dos povos indígenas.
Na opinião da senadora, os conflitos certamente recrudescerão caso o governo insista na extinção da Reserva Nacional do Cobre e Associados – Renca, os conflitos aumentarão muito: “Se mesmo em garimpos ilegais, os garimpeiros vão lá e massacram os índios, imagine quando houver autorização para garimpar”, questiona.
Para Regina, o marco temporal que o governo pretende implantar,considerando terra tradicional apenas aquelas que os índios ocupavam na data da promulgação da Constituição Federal(5 de outubro de 1988) é outro risco concreto . “Como é que se considera essa data se a ditadura expulsou os índios de suas terras antes?”, questionou a parlamentar. “Essa terra era deles”, finalizou.