Relator retira menções a PGR e jornalistas do texto final da CPMI do Cachoeira

Começou com divergências de procedimentos a reunião desta quarta-feira (28/11) para a leitura do relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as relações do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Uma reunião promovida pelo presidente da CPMI, Vital do Rêgo, (PMDB-PB) com líderes partidários, fechou um acordo sobre o procedimento para leitura, modificação e votação do texto.

A proposta previa que o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), apresentaria o texto e, dentro do prazo previsto pelo Regimento Comum do Congresso para concessão de pedidos de vistas, seriam apresentadas sugestões para modificação do parecer. “As propostas serão acatadas ou não pelo relator. Se forem acatadas, ele as incluirá no relatório e, caso contrário, as sugestões serão submetidas ao plenário desta CPMI para votação”, anunciou Vital do Rego, que passou a palavra ao relator.

Cunha disse então que, “provocado por um conjunto de parlamentares sobre a conveniência de tratarmos do assunto”, havia retirado do texto o pedido de indiciamento de jornalistas, como o diretor da sucursal da Veja em Brasília, Policiarpo Júnior e a sugestão para que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) investigasse os motivos que levaram o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, a demorar quase dois anos para dar prosseguimento às investigações iniciadas pela Polícia Federal no decorrer da Operação Monte Carlo.

A alteração no relatório não bastou para acalmar os ânimos. A oposição seguia reclamando que tinha o direito regimental às mudanças. Na outra ponta, Cunha argumentava que já havia feito supressões no texto para acatar o que sugeriam seus pares. “Se a proposta é de que outras mudanças sejam feitas, eu não aceito o acordo de procedimento. Quem discordar do meu relatório terá que levar o tema à votação”, disse o deputado, lembrando que não havia participado do acordo de procedimento.

Ele insistiu na leitura do sumário de seu relatório, que ainda não constam as supressões anunciadas pelo relator. O senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP) exigiu, então, que o texto, de cerca de cinco mil páginas, fosse lido na íntegra, o que provocou um novo bate-boca. O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) engrossou a confusão: “Eu não aceito que um relatório seja lido sem que eu tenha acesso aqui ao que está sendo lido”, reclamou.

O presidente, então, suspendeu a sessão para que o sumário que seria lido por Odair Cunha fosse distribuído aos presentes.

Giselle Chassot

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