Estagnação à vista

Resultado do PIB confirma desmonte da economia nacional

Crescimento se deve apenas ao aumento previsto e sazonal da produção agropecuária; recuo do investimento industrial aponta para estagnação da economia
Resultado do PIB confirma desmonte da economia nacional

Foto: Anasps

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre deste ano. Em comparação com o quarto  trimestre do ano passado, houve um crescimento de 1%, sujeito a manipulações estatísticas. Já em comparação com igual período de 2016, o PIB recuou 0,4%. Ao contrário das comemorações oficiais,  o PIB divulgado sinaliza que a economia brasileira caminha para a estagnação. O PIB é a soma de todas as riquezas produzidas no país.

“Acabou a recessão! Isso é resultado das medidas que estamos tomando. O Brasil voltou a crescer. E com as reformas vai crescer mais ainda”, festejou indevidamente Temer em sua conta do Twitter. O resultado se deve apenas ao desempenho das exportações, em especial do aumento sazonal da produção agropecuária, que apresentou alta de 13,4%. A safra recorde de grãos em 2017 já estava prevista, por questões climáticas e não por apoio do governo Temer que, ao contrário, o que fez foi encarecer o crédito agrícola. Além disso, historicamente, a safra de grãos tem seu melhor momento no primeiro trimestre.

O desempenho “positivo” do PIB ancorado nas exportações agropecuárias cumpre o objetivo golpista de retroceder o Brasil a mero fornecedor de “commodities”. Em análise publicada no jornal Valor Econômico, a editora Denise Neumann adverte que “no investimento, o recuo foi muito mais profundo que o esperado”. Ela também aponta como negativo a retração nas vendas do comércio e a queda do consumo das famílias.

[blockquote align=”none” author=””]Mais grave ainda, conclui a economista Esther Dweck, é que “as reformas – trabalhista e previdenciária, especialmente – apontadas pelo governo irão justamente acabar com aquilo que garante alguma estabilidade à economia brasileira agravando as crises futuras”.[/blockquote]

“As estimativas indicavam uma queda pequena (nos investimentos), de 0,3%, mas a realidade foi cruel e o dado foi negativo em 1,6%”, diz a jornalista. De acordo com ela, “o governo pode até comemorar o resultado, mas do ponto de vista de indicar uma recuperação doméstica, o PIB do primeiro trimestre foi pior do que o esperado”. As projeções indicam taxas negativas para o segundo trimestre.

Outros indicadores divulgados nos últimos dias confirmam o caráter antinacional da atual política econômica. Ontem, o IBGE informou que o País contava com 14.048 milhões de desempregadas no trimestre encerrado em abril de 2017. Isso significa mais 2.636 milhões de brasileiros em relação a um ano antes – um aumento de 23,1%. A taxa de desemprego atingiu 13,6%, a mais alta na série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.

Em abril, a publicação Sondagem Industrial da CNI, indicou “que a indústria ainda encontra dificuldades para superar a recessão econômica enfrentada pelo País”.  Uma situação que tende a piorar ainda mais com o “aviso” do Banco Central de que vai reduzir o ritmo do corte de juros.  Mais grave ainda, conclui a economista Esther Dweck, é que “as reformas – trabalhista e previdenciária, especialmente – apontadas pelo governo irão justamente acabar com aquilo que garante alguma estabilidade à economia brasileira agravando as crises futuras”.

 

 

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