A transcrição de um áudio gravado por Alexandre Ramagem – ex-diretor da Abin na gestão Bolsonaro – mostra que, durante uma reunião, o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno e advogadas de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) discutiram formas de usar órgãos oficiais para reverter investigação contra o senador pelo Rio de Janeiro. Os participantes da reunião ainda combinaram deixar isso “fechadíssimo”.
Na avaliação dos senadores do PT, a transcrição da conversa tornada pública na tarde da última segunda-feira (16/7) escancara os abusos cometidos por Bolsonaro na gestão do país.
A reunião ocorreu no dia 25 de agosto de 2020. Na época, Flávio Bolsonaro era investigado por suspeita de rachadinha (peculato) em seu gabinete durante o mandato de vereador.
Os servidores da Receita levantaram movimentações do senador a partir de levantamentos do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), mostrando incompatibilidade com a renda dele.
Na reunião gravada, os participantes buscaram maneiras de descredibilizar as investigações usando órgãos do governo, de acordo com a Polícia Federal.
“A transcrição da conversa entre Ramagem e Bolsonaro escancara os abusos cometidos pelo ex-presidente no comando do país. O ex-presidente usou estrutura do Estado para tentar livrar o filho de uma investigação. Ele nunca defendeu a família brasileira. Só a dele”, destacou o senador Humberto Costa (PT-PE).
A gravação faz parte do inquérito que investiga o uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionagem ilegal de desafetos de Bolsonaro e para blindar familiares de acusações.
Ainda segundo o material divulgado, a advogada Luciana Pires fala em buscar dados sobre pessoas envolvidas em apurações sobre Flávio Bolsonaro. Para os investigadores, isso evidencia o uso da estrutura da Abin para tentar retaliar os auditores da Receita que investigaram Flávio.
“Novas revelações no caso da Abin paralela, a partir da divulgação de áudios que envolvem Alexandre Ramagem, Augusto Heleno, advogadas e o próprio Bolsonaro dão a grave dimensão de interesses nada republicanos do grupo”, pontuou a senadora Teresa Leitão (PT-PE).
Com informações de agências de notícias