O senador Rogério Carvalho (PT-SE) afirmou nesta quarta-feira (20) ser inadmissível após todo avanço tecnológico na área da medicina e da farmacologia o Brasil retornar “às trevas” e permitir o retorno dos manicômios para o tratamento de pessoas com problemas mentais.
“Não se faz saúde mental apenas com hospital, centros de acolhimento e desintoxicação. Saúde mental é um problema complexo no qual precisamos de diversos tipos de estabelecimento que se articulam em rede, distribuída territorialmente e que se complementam. Precisamos fazer esse debate para não voltarmos às trevas que é trancafiar seres humanos em manicômios como era no final da década de 80 e início da década de 90”, disse.
A imprensa divulgou na última semana que o governo Bolsonaro prepara um documento para colocar em prática uma nova política de atendimento à saúde mental no Brasil. Entre outros pontos, a política prevê a internação em hospitais psiquiátricos e o financiamento para compra de máquina de eletrochoques. Após críticas de especialistas na área, o documento foi retirado do ar.
“A coisa mais triste, absurda e desumana que podemos ver é um manicômio com pessoas abandonadas. E estamos vendo o retorno de técnicas que foram abandonadas com o desenvolvimento da farmacologia. É possível um psicótico, um esquizofrênico conviver em sociedade tomando medicação regular. É muito mais barato pagar o remédio do que manter uma pessoa trancafiada num manicômio”, afirmou o senador.
Nesta quarta-feira, a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) aprovou requerimento de convite ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, para prestar informações sobre a possibilidade de mudanças no atendimento à saúde mental no Brasil.
Saúde indígena
Por iniciativa do senador Rogério Carvalho, a CAS também aprovou requerimento de audiência pública para debater a extinção da Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde e o repasse da responsabilidade de cuidar da saúde das populações indígenas para estados e municípios. A alteração está em análise por parte do governo.
“Os índios tinham um sistema de assistência em que a mortalidade infantil era alta, não tínhamos o controle da taxa de mortalidade, nem dos crescimento e desenvolvimento das crianças indígenas, nem do mapeamento do que acometia aquela população. Os distritos sanitários indígenas, administrados pela Secretaria Especial de Saúde Indígena, reverteram. Precisamos saber o que virá com essa mudança. Será que os municípios darão conta de prover as condições para garantir a esses povos a atenção à saúde? ”, questionou o senador.