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O Comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar, Juniti Saito, afirmou nesta terça-feira (13), durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, que a presidenta Dilma Rousseff deverá decidir no curto prazo a compra de 36 caças que irão fazer a vigilância do espaço aéreo brasileiro. “Nós apresentamos a avaliação técnica dos modelos. Cabe à presidenta a decisão política e estratégica. Cumprimos nosso papel e assim é que deve ser”, afirmou.
Juniti Saito disse que a decisão da presidenta pode ser tomada neste ano, ao responder às perguntas de alguns jornalistas que queriam saber se “esse curto prazo” seria daqui a uma semana ou neste mês, ainda. O comandante explicou que as três empresas interessadas em fornecer a aeronave de combate – a francesa Dassault, a americana Boeing e sueca Gripen – têm prazo até setembro para renovar suas propostas e o Brasil não abre mão de estabelecer a transferência de tecnologia. “Desde 2011 estamos pedindo o adiamento da oferta”, afirmou
Esse prazo exíguo para a decisão que envolve uma quantia que pode superar US$ 15 bilhões preocupou alguns parlamentares, já que em dezembro deste ano os caças Mirage 2000 vão paralisar suas atividades por terem cumprido as horas de voo contratadas. Além disso, entre a assinatura do contrato e a entrega da primeira aeronave haverá um espaço de tempo entre cinco e seis anos. Mas Juniti Saito explicou que, no requisito colocado pelo governo brasileiro, as empresas devem analisar, fazer uma proposta e isso leva tempo, porque não é só pegar um equipamento e colocar no avião. “É preciso integrar esse equipamento com outros, daí a demora ser bastante razoável, mas eu acredito que até lá vamos ter outras opções”.
Ele disse que nesse período de cinco a seis anos para o recebimento da primeira aeronave o espaço aéreo brasileiro será monitorado por aeronaves modelo F-5. “Vamos fazer uma defesa aérea na medida do possível. Claro que não é uma situação ideal”, observou.
Base industrial, sim. Aérea, não
O comandante da Aeronáutica afirmou que o parceiro escolhido terá de transferir tecnologia ao Brasil mas em hipótese alguma o país da empresa vencedora poderá ter uma base aérea em solo brasileiro. “A base será de produção de equipamentos”, disse ele.
O senador Jorge Viana (PT-AC), que já presidiu o conselho de administração da Helibrás, lembrou que o Brasil, em especial o presidente Lula, adotou uma estratégia correta em 2006 quando decidiu trazer para o País um parceiro que transferisse tecnologia na fabricação de helicópteros. “A decisão foi acertada, porque com a descoberta de petróleo no pré-sal, hoje a empresa já fabrica aeronaves com maior capacidade de voo. Alguns poços ficam a 300 quilômetros da terra e agora iniciará a venda civil”, disse Jorge.
Para o senador, o governo brasileiro não pode cair na armadilha de apenas fazer uma compra de aeronaves. É necessário exigir que os fornecedores interessados assumam o compromisso de transferir tecnologia. “No caso da Helibras atuamos assim, jogamos pesado”, lembrou Saito.
Marcello Antunes