Caso de prisão

Apologia ao nazismo ofende democracia, denuncia Humberto

Para o senador Paulo Rocha (PT-PA), "Roberto Alvim, definitivamente, não deve ocupar nenhum cargo público deste país'
Apologia ao nazismo ofende democracia, denuncia Humberto

Foto: Alessandro Dantas

O secretário da Cultura Roberto Alvim publicou vídeo na noite desta quinta-feira (16) contendo ataques à história da cultura nacional e fazendo apologia à estética e à política nazista. O vídeo foi postado pela própria Secretaria Especial da Cultura do governo de Jair Bolsonaro para divulgar o Prêmio Nacional das Artes.

No vídeo, Alvim copia trechos de um discurso de Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda na Alemanha Nazista, sobre as artes.

“A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada” – Joseph Goebbles

“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será  igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada” – Roberto Alvim

“A fala de secretário de Cultura copiada do nazista Joseph Goebbels é repulsiva. Na democracia não cabem manifestações totalitárias”, advertiu o senador Paulo Rocha ((PT-PA) em sua conta do twitter. Para o senador petista, “Roberto Alvim, definitivamente, não deve ocupar nenhum cargo público deste país’.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, pediu o afastamento imediato do secretário em suas redes sociais. “O secretário da Cultura passou de todos os limites. É inaceitável. O governo brasileiro deveria afastá-lo urgente do cargo”, afirmou Maia.

Confederação Israelita 

A Conib (Confederação Israelita do Brasil) emitiu nota considerando “inaceitável o uso de discurso nazista pelo secretário da Cultura do governo Bolsonaro, Roberto Alvim”.

“Emular a visão do ministro da Propaganda nazista de Hitler, Joseph Goebbels, é um sinal assustador da sua visão de cultura, que deve ser combatida e contida”, afirmou a a declaração da instituição.

“Uma pessoa com esse pensamento não pode comandar a cultura do nosso país e deve ser afastada do cargo imediatamente”, sentencia a confederação.

Governo testa limites

A OBA vai representar contra Roberto Alvim na Comissão de Ética da Presidência da República por apologia ao nazismo, segundo o presidente da entidade, Felipe Santa Cruz. “Setores do Governo testam há meses os limites democráticos. Para nossa perplexidade, flertam com as ditaduras de hoje e do passado. Agora, o secretário Alvim ultrapassou todos os limites, ao optar pela clara e aberta apologia ideológica ao regime nazista. Os milhões de cadáveres das vítimas do autoritarismo nos cobram imediata e firme reação”, disse Santa Cruz. “Ele deve ser afastado ainda hoje, sob pena do governo brasileiro se enquadrar internacionalmente como inimigo da democracia e da civilização”, alertou o presidente da OAB.

Artistas reagem

“A trilha utilizada pelo nazi brasuca é Wagner. Artista utilizado por Hitler, para exaltar a raça ariana, os brancos “ puros”. Wagner era antisemita, não gostava de judeus”, destaco a cantora e compositora Zélia Duncan em seu twitter. “O circo de Alvim é lamentável e criminoso, se fôssemos um país direito, ele seria preso”, cobrou.

“Como na Alemanha nazista, querem destruir o Brasil começando pela cultura. Não permitiremos. […] Contra o ódio à arte e ao conhecimento, nós estamos armados com as luzes da civilização”, afirmou Lula no Circo Voador, em dezembro de 2019.

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