Sem acordo, Câmara desmembra PEC do Orçamento Impositivo

Vinculação de metade das emendas individuais para a Saúde corre riscos. O líder do PT na Câmara acusa a oposição pela manobra.

Sem acordo, Câmara desmembra PEC do Orçamento Impositivo

“Foi simplesmente um gesto oposicionista,
que não levou em conta os interesses da
população”.

Aprovada no Senado depois de uma longa tramitação, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC 353/13) que cria o Orçamento Impositivo e estabelece que 50% das emendas individuais dos parlamentares devem, necessariamente, ser investidas em saúde corre riscos na Câmara dos Deputados. Como não houve acordo entre os líderes partidários, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou o desmembramento da proposta Orçamento Impositivo em dois textos. O primeiro torna obrigatória a execução das emendas parlamentares ao Orçamento e o segundo fixa um percentual mínimo da receita da União a ser aplicado em saúde.

O líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), acusa a oposição pela manobra: “Quem perde com essa divisão é o setor da saúde e, consequentemente, a população porque essa foi uma jogada política da oposição para aprovar apenas a imposição da execução das emendas, sem qualquer preocupação em garantir os recursos para a saúde pública”, criticou.

O texto original da PEC aprovado pelo Senado, em entendimento com os líderes partidários e com o Governo, ampliou o valor das emendas parlamentares que serão obrigatoriamente executadas de1% para 1,2% da receita corrente líquida (RCL) realizada no ano anterior e condicionou a destinação de 50% (0,6% da RCL) para a área de saúde.

 “A oposição ignorou esse acordo porque está interessada apenas em obrigar o governo a executar as emendas parlamentares. Eles estão criando a ‘pauta do fim do mundo’, criando uma ‘zona cinzenta’ porque as Diretrizes para o Orçamento do próximo ano já foram aprovadas com base nesse acordo que destina 50% das emendas para as ações de saúde”, afirmou Guimarães.

O texto aprovado pelos senadores também fixa um percentual mínimo, escalonado, da arrecadação de impostos que a União deverá aplicar em ações de saúde: aplicação mínima de 13,2% em 2014; 13,7% em 2015; 14,1% em 2016; 14,5% em 2017; e 15% em 2018. Esses valores incluem tanto os recursos das emendas parlamentares ao Orçamento quanto os dos royalties do petróleo.

Prazo  

O líder do PT alertou ainda para as dificuldades que serão criadas para a apreciação do Orçamento de 2014 ainda neste ano. Ele lembrou que o prazo para a apresentação de emendas ao Orçamento será encerrado nesta quinta-feira (28). “A maioria já está com as emendas prontas, mas fica a dúvida, dará tempo de aprovar o Orçamento Impositivo, é obrigatório destinar 50% das emendas individuais para ações de saúde? Quem tumultua o processo desse jeito, não tem compromisso com a saúde”, enfatizou Guimarães, lembrando que a proposta de divisão da PEC foi do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO).

Vitória de Pirro

O deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), que presidiu a CCJ no processo de apreciação do requerimento para o desmembramento da PEC, considerou que a oposição obteve uma “vitória de Pirro” – que significa obter uma vitória, mas pagando um preço muito alto ou que não levará a lugar algum. “Isso pode comprometer o andamento da PEC do Orçamento Impositivo. Foi simplesmente um gesto oposicionista, que não levou em conta os interesses da população”, afirmou.

 Berzoini explicou que com a divisão da PEC do Orçamento Impositivo, os textos voltam para a Mesa Diretora da Câmara para serem renumerados. “Voltamos à estaca zero do processo. Ficam prejudicados aqueles que são favoráveis ao Orçamento Impositivo e também aqueles que defendem mais recurso para a saúde”, enfatizou.

 Tramitação

Para o líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), a decisão da oposição de dividir o texto em dois “é um tiro no pé”, porque inviabiliza a votação do texto ainda este ano.

Isso porque, segundo explica, entre as votações na CCJ e no Plenário, regimentalmente, tem de haver interstício de 10 sessões. Quebrar esse intervalo somente seria possível por entendimento entre todos os líderes.

Como a oposição optou por dividir o texto em dois, contra o pacto feito com o governo no Senado, o acordo, conforme observou Chinaglia, não será mais possível, e a votação terá de ser adiada. Com isso, segundo o líder do governo, a saúde poderá perder R$ 6,5 bilhões no ano que vem.

Com informações do PT na Câmara e da Agência Câmara

Conheça a PEC 353/2013

 

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