A CPI da Covid ouve nesta semana pessoas ligadas às empresas VTCLog, que presta serviços de logística ao Ministério da Saúde, e Precisa Medicamentos, que havia firmado contrato com o governo brasileiro e a farmacêutica indiana Bharat Biotech para intermediar a chegada do imunizante Covaxin ao País.
Na terça-feira (31), os parlamentares ouvirão o depoimento de Ivanildo Gonçalves da Silva, motoboy responsável por saques milionários para a empresa VTCLog.
De acordo com o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), os saques teriam somado R$ 4,74 milhões na boca do caixa. Por se tratar de uma pessoa humilde, os parlamentares pediram que a Polícia Federal promova sua proteção.
Na quarta-feira (1º), será a vez de Marcos Tolentino, considerado sócio oculto do FIB Bank. Apesar de não ser um banco e não ter permissão do Banco Central para atuar como instituição financeira, a empresa ofereceu garantias junto ao Ministério da Saúde na operação de compra da vacina Covaxin, além de outros contratos com o Ministério da Fazenda e a Advocacia-Geral da União.
Tolentino foi citado várias vezes no depoimento do presidente do FIB Bank, Roberto Pereira Ramos Júnior, na última quarta-feira (25). Durante a oitiva, os senadores apresentaram evidências da ligação dele com o deputado Ricardo Barros (PP-PR) e o banco falso.
“O telefone informado como sendo da FIB Bank Garantia de Fianças Fidejussórias S.A. é também o do escritório Benetti & Associados – Gestão Tributária e Empresarial, que tem Marcos Tolentino da Silva como membro do conselho do escritório”, disse o senador Rogério Carvalho (PT-SE).
Irregularidades no DF
Na quinta-feira (2), a comissão tentará novamente ouvir Francisco de Araújo Filho, ex-secretário de saúde do Distrito Federal. Ele foi alvo da operação “Falso Negativo”, que apurou irregularidades na compra de testes de Covid-19 pelo governo do DF. Nesse caso, aparece mais uma vez a empresa A Precisa Medicamentos.
Bolsonaro contaminou os brasileiros de propósito
A principal conclusão das investigações realizadas pela CPI da Covid, na avaliação do senador Humberto Costa (PT-PE), é de que Jair Bolsonaro agiu propositalmente para contaminar os brasileiros em busca da imunidade coletiva ou, imunidade de rebanho. A tese defendida pelos negacionistas da pandemia afirmava que a expansão do vírus e a contaminação natural seria mais efetiva para o controle da pandemia, já que os contaminados adquiririam os anticorpos ao terem contato com a doença.
“A conclusão mais grave a que chegou a CPI é que o governo realmente adotou como estratégia para o enfrentamento e superação do coronavírus a ideia de que o mais importante seria construir uma imunidade coletiva, uma imunidade de toda a sociedade, a partir da transmissão intensa e rápida da doença. Isso, na minha avaliação, é um crime que tem uma característica, inclusive, de dolo eventual, porque o governo sabia da gravidade da doença, que ela poderia gerar um grande número de mortes e pessoas sequeladas que passaram por quadros clínicos muito graves”, afirmou o senador em entrevista ao Congresso em Foco.
Humberto ainda explicou que a CPI constatou uma série de crimes cometidos por Bolsonaro. Os delitos vão desde crimes de responsabilidades, que podem acabar com um processo de impeachment, até crimes comuns. O colegiado também avalia se Bolsonaro cometeu crimes contra os direitos humanos. Estes últimos deverão ter como destinos o Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e, caso se conclua pelo cometimento de crime contra a humanidade, o Tribunal Penal Internacional de Haia, na Holanda.
Com informações de agências de notícias