O legado impresso pelos governos do PT na educação deve nortear o projeto de reconstrução do setor, que será fundamental para a campanha eleitoral deste ano e para pavimentar o retorno do partido ao governo. Essa é um dos consensos demonstrados pelos participantes da abertura do seminário Resistência, Travessia e Esperança sobre Educação, que aconteceu nesta quinta-feira (7) em Brasília.
O encontro foi promovido pelas Lideranças do PT no Senado e na Câmara, Fundação Perseu Abramo, Instituto Lula e PT nacional.
O líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), deu um exemplo pessoal sobre como a educação pública avançou durante os governo de Lula e Dilma. “Os governos do PT interiorizaram as universidades no país. Eu não tive oportunidade de frequentar uma universidade. Diante das dificuldades só pude cursar até o ginásio [atual ensino médio], depois me tornei gráfico e entrei na luta sindical, o que me fez entrar na política e me eleger deputado federal e senador. Porém, meus sobrinhos, mesmo vivendo no interior do Pará, já estão virando doutores, graças a essa interiorização das universidades federais realizadas a partir do governo Lula”, relatou.
O senador Fabiano Contarato (PT-ES) observou que apenas com uma educação pública e de qualidade o país transformar a sua realidade atual. “Infelizmente essa não é a realidade que vemos hoje, onde escolas não possuem biblioteca, laboratório e os professores são desvalorizados, inclusive recebendo baixos salários”, lamentou.
“Nossos governos governos fizeram uma verdadeira revolução na educação”, resumiu o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG). “Não é pouca coisa considerar escola básica de 0 a 17 anos e garantir um modelo de financiamento. Também cuidamos da escola técnica e da universidade”, disse.
O deputado lamentou que o desmonte das políticas públicas do que chamou de “consórcio Temer-Bolsonaro”, em especial no setor educacional, destruiu a esperança da juventude, ameaçando o futuro do país. “Eles destruíram nossas realizações, atacaram nossos professores, cientistas. E agora, temos um desafio: o que fazer? Temos a juventude mais pessimista do mundo. Mais de 35% não trabalha e 60 quer deixar a Nação. Sem a juventude, somos uma Nação condenada ao fracasso”, lamentou.
A coordenadora do Núcleo de Educação e Cultura da Câmara, deputada Professora Rosa Neide (PT-MT), destacou ainda como ataques do governo Bolsonaro à educação pública o desmonte de instituições do setor como o Inep e o FNDE, além da tentativa de implementação de pautas ideológicas como o homeschooling e a militarização das escolas.
“A destruição só não foi maior por conta da nossa resistência. E mesmo diante desse cenário, ainda tivemos algumas conquistas, como o Fundeb permanente, o Piso Salarial do Magistério e seguramos vários outros ataques às universidades e institutos federais”, apontou.
Modelo sistêmico
O presidente da Fundação Perseu Abramo e ex-ministro da Educação, Aloizio Mercadante, concordou com Lopes e enumerou as conquistas históricas que os governos Lula e Dilma deixaram como legado para a educação.
“O legado do PT é extraordinário. Defendemos um modelo de educação sistêmico, e não mais focado. Migramos para o Fundeb para incluir ensino infantil e médio na educação básica, da creche ao pós-doutorado, porque acreditamos que tem que ser uma política pública sistêmica dentro do Estado republicano”, afirmou.
Para ele, “o tempo das crianças na escola não pode estar associado a um governo ou partido, o tempo delas é agora”. Por isso, continua, “construímos a educação com uma visão de política de Estado como direito e também como política estratégica de desenvolvimento”.
Mercadante lembrou que os governos do PT investiram em educação R$ 208 bilhões acima do que previa o piso constitucional. Com isso, foi possível garantir uma expansão sem precedentes no acesso de todos ao ensino público, citando como exemplo a vinculação do Bolsa-Família à matrícula escolar, a construção de creches, o reforço na merenda para regiões vulneráveis, o programa de alfabetização, a avaliação periódica, a escola integral, o transporte escolar, o programa nacional do livro didático, o Prouni e o Fies para facilitar o acesso à universidade.
“Foi um esforço gigantesco que aumentou a matrícula e a qualidade. Na educação superior, passamos de 3 para 8 milhões de estudantes, uma expansão sem precedentes. E ainda é pouco. Chegamos a 20% dos jovens no ensino superior, mas na Coreia do Sul, por exemplo, é de 75%”, afirmou.
(Com informações do PT na Câmara)