Alessandro Dantas

Com o voto do PT, o plenário do Senado aprovou nesta terça-feira (30/9) o Projeto de Lei Complementar (PLP 108/2024). A proposta aprova a criação do Comitê Gestor do Imposto Sobre Bens e Serviços (IBS). A instituição terá a função de cobrar, fiscalizar e distribuir o imposto após a implementação da reforma tributária. O texto segue para análise da Câmara dos Deputados.
A formação do Comitê Gestor por estados e municípios deve permitir a edição de normas infralegais da reforma, que entra em vigor no próximo ano. O avanço contribuirá para a implementação da fase de transição para os dois novos tributos: Contribuição Sobre Bens e Serviços (CBS) e IBS.
O IBS unificará o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto sobre Serviços (ISS).
“Estamos convictos de que a redação aprovada representa um avanço em direção a segurança jurídica, redução do contencioso tributário e a isonomia tributária. Sem perder de vista a operacionalidade dos sistemas que servirão para apuração dos novos tributos”, argumentou o senador Eduardo Braga (MDB-AM), relator da matéria.
Senador Rogério destaca que reforma tributária garante justiça fiscal e transparência no Brasil
O Comitê Gestor será composto por 54 conselheiros. Representantes dos estados e municípios terão mandato de quatro anos. De acordo com o texto aprovado, os conselheiros devem ter experiência na área tributária e boa reputação e só poderão ser afastados do posto por denúncia judicial, falta grave ou condenação à prisão.
O líder do governo no Senado, Rogério Carvalho (SE), explicou a complexidade da proposta que foi debatida pelos senadores nos últimos meses e que tornará o Brasil uma das maiores referências na gestão tributária do mundo.
“Não é um puxadinho que estamos aprovando. Estamos aprovando uma das estruturas tributárias mais modernas do mundo. Não é só uma reforma tributária. É uma estrutura de gestão tributária que está sendo aprovada pelo Congresso Nacional, em conjunto com o Ministério da Fazenda, Ministério da Indústria e Comércio, secretários estaduais e municipais. Toda essa estrutura tributária do Brasil será gerida, acompanhada de forma digital. É uma conquista que fará o Brasil ser exemplo para o mundo”, enfatizou Rogério.
Semana escancara projeto de país do governo Lula em contraposição às aspirações pessoais da oposição
Sancionada pelo presidente Lula em janeiro, as alterações nas normas de cobrança dos impostos sobre consumo acontecerão de maneira progressiva, com alíquotas de teste para as cobranças da CBS e do IBS, reunidos no IVA (Imposto sobre Valor Agregado) a partir de 2026. A nova legislação promove, gradualmente, a substituição de cinco tributos: PIS, Cofins, IOF-Seguros, IPI, ICMS e ISS.
A estimativa é de que todas as alterações propostas passem a valer em 2033.
Imposto Seletivo
Durante a discussão do projeto, o senador Humberto Costa (PT-PE) criticou a limitação do teto de 2% para aplicação do chamado Imposto Seletivo nas bebidas açucaradas. Na avaliação do parlamentar, a aplicação do teto acaba por invalidar o objetivo da sobretaxação dos alimentos que fazem mal à saúde e desestimular a população a consumir esse tipo de produto.
“Temos aí, um tributo que deve incidir sobre produtos nocivos à saúde para estimular escolhas alimentares mais saudáveis e que deixa de cumprir esse papel. O consumo da alimentação saudável passa pela questão educacional, mas também pelos impostos que elevem o seu preço e, com isso, diminuam o consumo na sociedade”, argumentou Humberto.