Senado deve votar novas regras para o rateio do FPE nesta terça-feira

O Plenário do Senado se reúne e deve votar, nesta terça-feira (19), o substitutivo do senador Walter Pinheiro (PT-BA) que unifica oito projetos e cria uma nova lei complementar para disciplinar o rateio de mais de R$ 70 bilhões entre os estados e o Distrito Federal. Os novos critérios do Fundo de Participação dos Estados (FPE), com validade até 2017, deverão assegurar a cada unidade federativa um piso idêntico ao garantido pelos repasses atuais.  Ou seja, no mínimo, cada estado receberá o que já vinha sido distribuído. Se, depois de feita a distribuição com base nos atuais critérios, houver sobra de recursos, eles poderão ser rateados conforme dois critérios: população e renda per capita domiciliar. A votação nesta terça-feira foi determinada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Se a matéria for aprovada pelo plenário, a matéria segue diretamente para apreciação da Câmara.

A votação é tida como a mais urgente entre as matérias relacionadas à discussão do pacto federativo (relação entre a União, os estados e os municípios), já que o Supremo Tribunal Federal considerou que  a atual fórmula de distribuição dos recursos é inconstitucional e estabeleceu prazo para que o  Congresso apreciasse novas regras. Esse prazo se esgotou em dezembro passado, mas como deputados e senadores não conseguiram acordo que permitisse a votação, mais 150 dias foram concedidos para que um projeto de lei fosse aprovado.

Pinheiro ainda faz os últimos ajustes no texto para fixar o prazo de transição da regra atual para a nova. O relator quer também assegurar que nenhum estado perderá receita imediatamente com a nova divisão do fundo e colocou um dispositivo para que as alterações sejam escalonadas, de modo que alguns estados deixarão de ganhar com o aumento de arrecadação dos próximos anos, mas não diminuirão a cota.

Antes, a regra de transição tinha prazo final para 2015, mas como o projeto não foi aprovado no ano passado, o relator recebeu demanda de senadores dos estados que seriam prejudicados pedindo a ampliação do prazo. “O ajuste principal foi no tempo. Essa coisa de prorrogar para 2017”, contou Pinheiro, referindo-se à mudança de prazo.

Ampliação
Após a votação de terça-feira, poderá ser discutida a proposta dos governadores, que pediram ao Senado e à Câmara dos Deputados a inclusão, na base do FPE, de duas contribuições sociais – a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Essa mudança requer proposta de emenda constitucional, já que a Constituição diz que o fundo é composto de 21,5% da receita de dois impostos – o de renda (IR) e o sobre produtos industrializados (IPI).

A pressão por mudança deverá aumentar pela constatação de que esses dois impostos vêm tendo seu peso diminuído no conjunto das receitas da União.

Estudo mostra que o IPI e o IR, que significavam 76% das receitas da União, em 1988, caíram para 55%, em 2010. As contribuições, cujas receitas são exclusivamente da União, subiram de 24% para 45% no mesmo período.

O FPE foi instituído em 1965, pela Emenda Constitucional 18, com a mesma base de impostos. Seu peso nas receitas estaduais é variável: em São Paulo, significa apenas 0,31%, enquanto no Acre chega a 58,7% (período de 1990 a 2007).  Atualmente, o bolo do FPE está em cerca de R$ 70 bilhões por ano. Se a demanda dos governadores por recursos de outros impostos na composição do fundo for atendida, o montante deverá aumentar em R$ 5 bilhões. O valor serviria para suprir as perdas dos estados com as isenções do Imposto sobre Produtos Importados (IPI) feitas pelo Governo Federal no último ano.

Com informações das agências de notícias

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