Combate ao terror

Senado reforça democracia e aprova intervenção no DF

Convocado em caráter extraordinário, o Plenário aprovou nesta terça (10) a intervenção imposta pelo governo Lula à segurança pública do Distrito Federal, omissa e conivente diante do terrorismo bolsonarista contra a democracia do país
Senado reforça democracia e aprova intervenção no DF

Foto: Agência Senado

Numa demonstração clara de força da democracia, o Plenário do Senado aprovou nesta terça-feira (10), em votação simbólica e com o apoio da bancada do PT no Senado, o projeto de decreto legislativo (PDL 1/2023) que estabelece intervenção federal na área de segurança pública do Distrito Federal até o dia 31 de janeiro. Já aprovado pela Câmara na noite de segunda (9), o texto segue para promulgação.

A aprovação ocorre em pleno recesso parlamentar, graças à convocação extraordinária do Congresso Nacional determinada ainda no domingo (8) pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, pouco depois de o presidente Lula decretar a intervenção.

“É necessário, mais do que nunca, garantir a ordem em Brasília. Nossa democracia está mais forte do que nunca”, assegurou o líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), logo após a decisão do Plenário.

Para o senador Jean Paul Prates (PT-RN), “administração do Distrito Federal falhou com o Brasil e com o povo que teve seu domingo turbado por cenas de violência e profanação dos símbolos nacionais, dos documentos públicos, do patrimônio histórico e cultural”.

Ele considera essencial a punição dos envolvidos. “É preciso buscar justiça. Nem mais nem menos. Justiça. Nem justiçamento, nem compadrio. A semente do terror não só está presente, como está crescendo. Ela deve ser retirada imediatamente, extirpada de nosso convívio. Mas a forma com a qual conduziremos essa busca por justiça e reparação é o que qualificará nossa Justiça como, de fato, justa. Contra a infâmia, a honra, contra a violência, a concórdia, contra a destruição, os esforços para construir uma Nação mais bela e justa”, afirmou.

Ao defender o decreto de intervenção, o senador Humberto Costa (PT-PE) relembrou o histórico de atos antidemocráticos que culminou nos ataques de domingo. “Desde o final da eleição, esses acampamentos aconteceram, várias manifestações violentas do ponto de vista verbal, incitação por parte de muitos mentores da extrema-direita golpista. Isso que aconteceu foi incitado por muitas pessoas inclusive que estão no Congresso e outras que estavam no governo anterior”, acusou.

O senador defendeu ainda a instalação, logo no início de fevereiro, quando o Senado retoma a atividade normal, de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) “para fazer uma ampla investigação sobre o que aconteceu, quem realizou, quem financiou, quem deu suporte jurídico”.

Já senador Fabiano Contarato (PT-ES) defendeu reação enérgica ao terrorismo, na forma da lei, “doa a quem doer”. Ex-delegado de polícia, ele vê como fundamental, para garantir a força da democracia, uma resposta contundente, inclusive contra parlamentares. “Quem de qualquer forma incorre para o crime, tem que ser responsabilizado, não só o civil, mas os parlamentares que, direta ou indiretamente, estejam incentivando ou estimulando, isso é a figura do partícipe”, explicou.

Contarato defendeu também a convocação do comandante-geral da PM do DF para prestar esclarecimentos. “É inadmissível o que aconteceu. Esses criminosos foram escoltados para fazer os ataques. O governador do DF tem que ser responsabilizado para crime que ele concorreu tanto quanto as pessoas que se dizem patriotas. Essa seita bolsonarista perniciosa, criminosa, tem que ser extirpada. Esses criminosos têm que ser responsabilizados, civil, penal e administrativamente”, apontou.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE) também rendeu apoio ao decreto para que o país retome a normalidade. “As instituições e os Estados, com a nossa representação por Sergipe, estão emanados em reestabelecer a ordem e a pacificação no Brasil”, disse.

A intervenção foi uma resposta à omissão do governo do Distrito Federal aos atos terroristas de bolsonaristas que invadiram e destruíram, sem resistência policial, os prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal. Em razão disso, o governador Ibaneis Rocha foi afastado do cargo por 90 dias pelo ministro Alexandre Moraes, do STF.

O interventor é Ricardo Capelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça, que já mudou o comando da Polícia Militar do DF e coordenou a retirada do acampamento golpista que há dois meses ocupava área pública em frente ao QG do Exército de Brasília. Ao todo, cerca de 1.500 pessoas foram presas por participação nos ataques terroristas.

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