Violência política

Senador quer investigação de tiros em janela com bandeira do PT

Violência política cresce em 2022 na proporção do estímulo à intolerância e do discurso de ódio de Bolsonaro e seus aliados
Senador quer investigação de tiros em janela com bandeira do PT

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Foram cinco tiros na madrugada silenciosa desta quarta-feira (21) no bairro de Casa Amarela, na zona norte de Recife. As balas tinham endereço: a janela decorada com uma bandeira do PT, em apartamento no sexto andar. Outro apartamento, no andar de baixo, onde dormia uma família com uma criança de três anos, também foi alvejado. Ninguém saiu ferido, mas a democracia de novo foi atingida. Ela tem sido a principal vítima do ano em que a violência política mais cresceu no país. O senador Humberto Costa (PT-PE) cobrou ação urgente da polícia, que instaurou inquérito para apurar o caso.

“Exigimos das autoridades uma investigação séria e célere do ato e que os responsáveis sejam punidos com o rigor da lei. Estamos solidários à família vítima do atentado e aos moradores da localidade. Seguiremos atentos e vigilantes e garantimos que o episódio não nos intimidará”, afirmou o senador, para quem o atentado está longe de ser um ato isolado.

“Episódios como esse ferem a democracia, a liberdade e o direito à manifestação política. Nós, da coordenação da campanha de Lula em Pernambuco e da direção do PT em Pernambuco, repudiamos vivamente atos de violência. Ações como esta são clara tentativa de intimidação aos que apoiam o Estado democrático de Direito e defendem a tolerância e o respeito ao próximo. Lamentavelmente, não é um ato isolado. Recentemente, um sindicalista foi agredido por apoiador de Bolsonaro em restaurante no Recife”, destacou Humberto Costa.

Recorde de violência
Em todos os episódios de violência política, um ponto em comum: bolsonaristas foram os responsáveis. Foi assim no assassinato do tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda, na descarga de produto químico em comício do PT em Minas Gerais, no arremesso de artefato explosivo em outro ato político, no Rio de Janeiro, em atentado no Rio Grande do Sul contra vereadora do partido, que teve seu carro colhido por caminhonete, entre outros vários casos de agressões e ameaças.

Até agentes de pesquisa eleitoral estão na mira do ódio. Após muitos relatos de intimidação e agressão verbal Brasil afora, nesta semana um pesquisador foi espancado e ameaçado de morte em São Paulo por bolsonarista que o pressionou para ser entrevistado. O senador Fabiano Contarato (PT-ES) usou as redes sociais para se solidarizar com o profissional: “pesquisador do Datafolha agredido, enquanto fazia seu trabalho de forma digna, por um bolsonarista. Que seja exemplarmente punido este cidadão ensandecido pelo ódio disseminado por Bolsonaro contra tudo que ameaça sua reeleição e sua sanha autoritária”.

“Essa escalada de violência é fruto da política de intolerância promovida por Bolsonaro, que incentiva os ataques e a perseguição aos opositores, aos quais já ameaçou ‘metralhar’”, avalia também Humberto Costa, confirmando diagnóstico de especialistas de que o discurso de estímulo ao ódio está no centro desse fenômeno que torna a eleição de 2022 recordista em violência.

Essa marca já havia sido alcançada no segundo trimestre de 2022, de acordo com boletim trimestral do Observatório da Violência Política e Eleitoral, formado por pesquisadores da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ). O grupo, que se dedica a medir a evolução da violência política no país, deve divulgar novo relatório no início de outubro. Na contagem anterior, entre abril e junho, tinham sido registrados 101 casos de violência contra lideranças políticas. Ameaças e agressões físicas foram as principais formas de violência, mas também houve 19 homicídios, nove atentados, outros cinco homicídios de familiares, além de dois sequestros e outros dois sequestros de familiares.

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