A Caixa Econômica Federal completa nesta quinta-feira (14) duas semanas sem liberar novos créditos do Auxílio Emergencial. Enquanto ainda decide quem deve ou não receber a primeira parcela, o governo posterga o início do pagamento da segunda parcela, que já está atrasado há 16 dias.
No calendário original, os trabalhadores com conta poupança e poupança digital na Caixa, e os que mantêm conta no Banco do Brasil, deveriam ter começado a receber os valores em 27 de abril. E a terceira parcela, que deveria ser paga entre 26 e 29 de maio, também caiu no limbo de informações desencontradas.
“Já são duas semanas sem a Caixa liberar novos créditos para o auxílio emergencial. Não queremos desculpas sobre de quem é a culpa da demora ou da divulgação do calendário de pagamento das novas parcelas. Cobraremos ação imediata do governo. Milhões estão passando fome”, afirmou o senador Paulo Rocha (PT-PA).
Em audiência pública virtual do Senado, na última quinta-feira (7), tanto o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, como o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, disseram que o calendário de pagamentos seria divulgado no dia seguinte, mas isso não ocorreu.
Até a noite de terça-feira (13), Caixa e Ministério da Cidadania não haviam divulgado o calendário de pagamentos para essas parcelas. Apenas os trabalhadores que já são beneficiários do Bolsa Família têm data para receber, já que os pagamentos seguem o calendário do Bolsa.
“É inaceitável que o governo esteja represando o auxílio aos que mais precisam. Num momento de grave crise como este, em que a pobreza se alastra e a fome aumenta, cassar o benefício de milhões é condenar pessoas à miséria. Mais do que uma agressão à dignidade humana, Bolsonaro comete um novo crime contra a vida dos brasileiros. É mais um ato da sua política genocida”, criticou o senador Humberto Costa (PT-PE).
Para o senador Jean Paul Prates (PT-RN), Bolsonaro promove uma espécie de chantagem com a população para que ela não cumpra o isolamento social tão combatido pelo atual Presidente da República. “É um acinte. O governo parece estar empenhado em impedir que o auxílio emergencial chegue às mãos de quem precisa. Este governo desumano, que odeia os mais pobres, faz corpo mole para pagar o que é devido”, disse.
Se o governo Bolsonaro dedicasse à população parte da energia que dispensa aos grandes empresários e banqueiros, na avaliação do senador Jaques Wagner (PT-BA), certamente o Brasil e os cidadãos estariam num cenário mais adequado para o enfrentamento da pandemia.
“É um desprezo com o drama que vive o nosso povo. Temos que ampliar o pagamento para outras instituições bancárias e estabelecimentos comerciais, para que as filas nas agências da Caixa não se repitam, o que gera aglomerações e coloca em risco as pessoas que vão até as agências e também os funcionários da Caixa”, apontou.
O senador Paulo Paim (PT-RS), presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH), criticou o fato de o governo Bolsonaro ainda não ter sancionado o PL 873, que estende o auxílio emergencial para mais 50 categorias, e o PL 1282, que prevê linha de crédito para micro e pequenas empresas.
“A situação do Rio Grande do Sul é ainda mais desesperadora por causa da seca, que já causa um prejuízo de mais de 20 bilhões de reais. Essa realidade de filas gigantescas e pessoas morrendo de fome precisa acabar. O governo precisa pagar o auxílio emergencial para todos. Infelizmente, a crise no país vai continuar e temos que garantir uma Renda Básica aos pobres, miseráveis e a todos que passam necessidade, como propõe iniciativa de Eduardo Suplicy”, destacou.
Na manhã desta quarta (13), Bolsonaro, em vez de se explicar os motivos do atraso no pagamento do auxílio destinado a ajudar pessoas a se manterem em casa, preferiu pressionar governadores pelo fim das medidas de restrição social.
“O povo tem que voltar a trabalhar. E quem não quiser trabalhar que fique em casa, porra. Ponto final. Agora, para ser politicamente correto, muita gente não fala nada ou fica adotando essas medidas de isolamento total”, disse, na saída do Palácio da Alvorada.
Com informações de agências de notícias