Os senadores da bancada do PT criticaram a série de mentiras proferidas pelo atual ocupante do Palácio do Planalto em rede nacional, logo após a entrevista concedida por Jair Bolsonaro ao Jornal Nacional nessa segunda-feira (22).
Durante os 40 minutos, Bolsonaro mentiu sobre a compra de vacinas durante a pandemia da Covid-19, os ataques proferidos contra ministros do Supremo Tribunal Federal, a corrupção em seu governo e não garantiu o respeito ao resultado das eleições deste ano.
“O futuro ex-presidente da República nega compromisso com a democracia e eleições, não se arrepende das ações desastrosas que acarretaram a morte de mais de 600 mil brasileiros, além de mentir descaradamente sobre os atos de seu desastroso governo”, destacou o senador Jean Paul Prates (PT-RN), líder da Minoria.
O senador Humberto Costa (PT-PE) também criticou as mentiras proferidas por Bolsonaro e afirmou que Bolsonaro “destrata a população” com seu comportamento à frente da Presidência da República.
“Bolsonaro mente, destrata a população e arrasta o país para o caos. Nunca, em tão pouco tempo, o povo brasileiro sofreu tanto”, disse.
As mentiras de Bolsonaro
Diversas agências de checagem de fatos apontaram os absurdos proferidos por Bolsonaro durante a entrevista de ontem. Bolsonaro que tem se notabilizado pelos reiterados ataques a ministros de cortes superiores, em especial, o STF, negou ter xingado qualquer magistrado.
Mas a agência de checagem “Aos Fatos” identificou, ao menos, dois xingamentos direcionados aos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.
Durante a manifestação do dia 7 de setembro de 2021, o presidente chamou Moraes de “canalha”. O xingamento foi repetido em julho de 2022 após o ministro prorrogar o inquérito que investiga as milícias digitais. Em relação a Barroso, Bolsonaro se referiu ao magistrado como “filho da puta” no dia 6 de agosto de 2021. Dias antes, ele já havia chamado o ministro de “criminoso” e “mentiroso” por suas posições contra o voto impresso.
Ele também chegou a afirmar que respeitará o resultado das eleições deste ano, com a condição de que a disputa ocorra de forma “limpa e transparente”. Além disso, repetiu a falácia de que o sistema eleitoral brasileiro não é auditável.
Porém, de acordo com o próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é possível fazer auditorias antes e depois da eleição, dos códigos-fonte do sistema da urna eletrônica e da votação, por meio dos boletins de urna, que neste ano serão divulgados na internet no mesmo dia da apuração.
Outra mentira descarada de Bolsonaro foi a afirmação de que ele não errou nada acerca da pandemia. Inclusive, Bolsonaro voltou a fazer a defesa do infame e inexistente tratamento precoce contra a Covid-19, mesmo com o Brasil chegando a incrível marca de 700 mil mortos pela doença.
Não aprendeu nada. O presidente que passou a pandemia minimizando os riscos da doença, imitando pessoas sufocando com falta de ar e desestimulando a população a se imunizar contra a Covid-19 por meio das vacinas, voltou a condenar as medidas de isolamento adotadas por estados e municípios. Nunca é demais lembrar que Bolsonaro sempre defendeu a chamada imunização de rebanho, ou seja, a exposição da população ao vírus para que fosse contraída a imunidade naturalmente – uma espécie de morra quem morrer.
Outra inverdade contada, e revelada pela CPI da Covid, foi sobre a demora para a chegada de cilindros de oxigênio na cidade de Manaus. Após o sistema de saúde da capital do Amazonas entrar em colapso, no auge da pandemia, passaram-se oito dias entre o primeiro aviso sobre o colapso do sistema de saúde em Manaus, em 6 de janeiro de 2021, e a distribuição efetiva de cilindros de oxigênio, no dia 14. Mas, Bolsonaro disse que a situação foi resolvida em 48 horas. Mentira que contrasta com a realidade das cenas de pessoas desesperadas para arrumar cilindros de oxigênio para salvar parentes que agonizavam nos hospitais da cidade.
Já no final da entrevista, Bolsonaro que, em 2014, fazia pouco caso dos partidos do chamado “centrão”, disse que no período no qual foi deputado federal não existiam os partidos de centro.
Mas, quando foi eleito em 1990, já existia o bloco parlamentar chamado de “centrão”.
O líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), chegou a postar um vídeo em suas redes sociais para expor o posicionamento contraditório do atual presidente.
Só uma palavra: CENTRÃO. pic.twitter.com/kh0ug498c7
— Paulo Rocha (@senadorpaulor) August 23, 2022