Entre os 16 deputados que integram a comissão, a presença não foi problema, mas sim a ansiedade de alguns, preocupados em falar rapidamente e sair correndo para o aeroporto. Vários, ansiosos, protestavam pela longa exposição de Foster e pela quantidade de perguntas (139) preparadas pelo relator, deputado Marco Maia (PT-RS). A oitiva de Graça Foster, esta tarde, foi o quarto depoimento da presidenta da Petrobras ao Legislativo nos dois últimos meses. Antes, ela já havia sido ouvida pela CPI do Senado e por comissões permanentes das Casas. Entre as ausências de senadores do DEM e do PSDB chamou a atenção a do tucano paraense Mário Couto, que perdeu a quarta oportunidade de “falar cara a cara” com presidenta a Petrobras sobre supostas denúncias que o parlamentar, em irados discursos ao plenário, afirma ter contra Graça Foster.
Quarta vez
Na exposição inicial de Foster, que durou 83 minutos, ela voltou a detalhar a compra da Refinaria de Passadena, os negócios da empresa com SBM Offshore, as exigências de segurança que antecedem o lançamento de plataformas e sobre a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco — pontos que compõem os quatro eixos de investigação da CPMI pouco acrescentou pouco às exposições anteriores.
O mais exaltado para ocupar os microfones era o deputado Fernando Francischini (SD-PR). A cada pergunta do relator, protestava contra a “reprise” do assunto abordado. Mas o papel escolhido para o parlamentar é esse mesmo: conturbar. Francischini é foi um dos autores de requerimentos solicitando essa quarta oitiva de Foster pelo Congresso. “A oposição está indócil pra falar. Não quer ouvir qualquer explicação. Busca apenas alguns minutos pra aparecer diante das câmeras”, observou o senador Humberto Costa (PT-PE), em sua conta no microblog Twitter.
Por duas vezes, afoito, Francischini tentou interromper o relator, reclamando do tempo. Marco Maia, porém, afirmou que não tinha “a menor pressa” para encerrar a sessão, declarando-se disposto a “varar a madrugada”, caso isso fosse necessário para esclarecer todas as dúvidas sobre a Petrobras. “Se acharem conveniente, podem ir para casa, descansar e voltar mais tarde, para fazer suas perguntas”, sugeriu o relator aos mais ansiosos.
Ainda durante a inquirição feita por Maia, o deputado Ônix Lorenzoni (DEM-RS) interrompeu as respostas de Graça Foster para defender que o colegiado estabeleça um tempo limite para que o relator possa fazer perguntas às testemunhas. Ele foi contraditado por Humberto Costa, que defendeu que o relator tenha o tempo que julgar necessário para fazer perguntas, já que detém a responsabilidade de organizar as conclusões das apurações. “Temos dias CPIs funcionando no Congresso, esta e a do Senado”, lembrou Humberto. “Nós, que participamos das duas, já estamos com os ouvidos doendo de tanto ouvir. Acredito, portanto, que quem está participando apenas de uma comissão possa ter um pouco mais de paciência e ouvir o que tem a dizer cada depoente”, alfinetou Humberto, numa alusão indireta à insistência dos deputados do DEM, PPS e PSDB pela instalação dessa CPMI, mais de um mês após o início dos trabalhos da CPI do Senado, sob a a alegação de que também queriam uma oportunidade de participar das investigações.
Algumas questões depois, Francischini apareceu com uma pizza – para alegria dos fotógrafos e dos repórteres – leia reportagem que traz o deputado dizendo quais perguntas os repórteres, cumprindo o combinado com a imprensa: “vamos fazer bagunça”.